O Estado de S. Paulo

Cinto é segurança para todos

Brasileiros ainda neglicenciam utilização desse equipamento no banco de trás do veículo

(D.S.)

Oacidente ocorrido no final de março com o influenciador digital Rodrigo Mussi, ex-participante do programa Big Brother Brasil, trouxe novamente à discussão a importância do uso do cinto de segurança também no banco traseiro. A bordo de um carro por aplicativo que se chocou com um caminhão, Mussi não usava o acessório e foi arremessado, com a batida, para a frente do veículo, sofrendo traumatismo craniano e várias lesões no corpo.

Embora seja um equipamento obrigatório exigido pelo Código de Trânsito Brasileiro, o cinto de segurança ainda é neglicenciado por muitos passageiros. De acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada ano passado, apenas 54,6% dos brasileiros afirmam utilizar sempre o cinto no banco traseiro. Já, na parte da frente do veículo, o uso é hábito entre quase 80% dos entrevistados (ou exatos 79,4%), de acordo com o estudo.

QUESTÃO DE FÍSICA

A falsa sensação de que estão mais protegidos na parte traseira do veículo, por causa da barreira dos bancos dianteiros, é apontada como uma das explicações para esse comportamento. Mas, na prática, isso não se comprova: de acordo com a Associação Brasileira de Medicina no Tráfego (Abramet), trata-se de uma questão de física. “Se um adulto com 70 quilos estiver no banco traseiro sem o cinto e o carro se chocar a uma velocidade de 50 km/h, ele passa a pesar cerca de 3 toneladas, no caso de uma desaceleração brusca em situação de sinistro de trânsito. Ou seja: o banco não irá servir como anteparo protetor”, explica José Montal, diretor da associação.

Segundo Montal, é inquestionável o poder do acessório na redução de mortes e ferimentos em colisões. “Nenhum equipamento protege tanto os ocupantes do veículo como o cinto de segurança. Essa proteção chega a salvar mais de 50% das vidas em sinistros, e comunicar esse fato talvez seja o mais importante para mudar mentalidades”, diz o diretor da Abramet.

Outra crença muito negativa da população é que, em trajetos curtos, não há necessidade de usar a proteção. “Mas ninguém sabe o momento exato em que haverá o sinistro. E, mesmo em baixas velocidades, o organismo humano não está preparado para suportar esses impactos decorrentes de veículos de grande massa em velocidade. Por isso, não há nenhuma razão para não usar o cinto em todos os deslocamentos”, finaliza.

Segundo dados estatísticos da National Highway Traffic Safety Administration (NHTSA), entidade responsável por questões de segurança do trânsito nos Estados Unidos, o uso do dispositivo evita quase 100% dos ferimentos no quadril e 60% das lesões na coluna cervical, além de 50% dos casos de traumatismo craniano.

E o cinto de segurança é fundamental, também, para preservar as pessoas que estão nos assentos da frente. De acordo com a Abramet, após uma batida forte, o passageiro que está solto no veículo será arremessado sobre o motorista, aumentando em até cinco vezes as chances de o condutor morrer, mesmo ele estando com o cinto afivelado.

JORNAL DO CARRO

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2022-05-25T07:00:00.0000000Z

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