Em Amparo, história com queijo e vinho
Com seus casarões e igrejas antigos, a arquitetura da cidade, a 130 km de São Paulo, também é atração à parte
ANA LOURENÇO
Com suas casas antigas, igrejas históricas e fazendas centenárias que carregam traços da época áurea do café, Amparo, a 130 km de São Paulo, se destaca pela tradição.
A história da cidade, que também faz parte do Circuito das Águas, começa com famílias cafeeiras de Atibaia, Bragança Paulista e Nazaré que, no século 19, se fixaram em um bairro chamado Retiro do Camanducaia, atraídos pela fertilidade das terras da região.
Após a fase de prosperidade do ciclo do café, quando o produto era o principal item de exportação do Brasil, veio a crise econômica de 1929, momento em que foi recomendado aos produtores do País que queimassem suas plantações, limitando a oferta do grão.
Fazendas Ciclo do café garantiu a prosperidade do município que integra o Circuito das Águas
No período, o investimento passa então a ser na cana-deaçúcar, como aconteceu na Fazenda Benedetti. Jorge Benedetti, proprietário, lembra com orgulho a história do bisavô. “A colheita era tanta que os patrões davam uma porcentagem aos colaboradores. E foi assim que ele juntou dinheiro e conseguiu comprar a fazenda”, relata. “No começo, a produção de cachaça era para consumo próprio e o excedente ele vendia para os vizinhos. Mas a fama se espalhou e a produção foi aumentando”, conta.
VALOR. “O queijo é um produto vivo para quem entende isso”, diz Paulo Rezende, dono da Fazenda Atalaia. “Nossos produtos incentivam a valorização de espaços que traduzem a história e o valor cultural da produção do alimento”, diz o produtor com 30 anos de experiência.
Assim como em outras pro-* priedades da região, tudo começou com o cultivo do café, que, aos poucos, foi sendo substituído por outras culturas até se chegar à situação atual. O local foi comprado em 1940 pelos avós maternos de Paulo. Rosana, sua mulher, saiu de Minas para morar com ele na fazenda e teve a ideia de produzir queijo como meio de subsistência.
Hoje, são mais de 20 variedades, incluindo o tulha, que em 2016 foi o primeiro queijo artesanal brasileiro a ganhar o ouro no World Cheese Awards. “Um queijo paulista ganhar prêmio fora do Brasil deu uma luz ao produto brasileiro”, diz Rezende. Com o sucesso, a fazenda passou a abrir as portas à visitação. “A pessoa gosta do produto quando gosta da história.”
Para conhecer o local, há a visita guiada (R$ 45), que inclui degustação de queijos ou se deliciar com as comidas da fazenda no café da manhã (9h às 11h) ou no almoço (12h30 às 15h30). E, a partir de junho, a Atalaia vai relembrar e enriquecer sua história ao incluir em sua programação a colheita de café. •
O ESTADO DE S. PAULO
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2024-04-12T07:00:00.0000000Z
2024-04-12T07:00:00.0000000Z
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