O Estado de S. Paulo

O que é ser líder?

Por Alessandra Maciel* *Conselheira da Anamba, consultora, mentora de líderes e professora da pós-graduação na ESPM

Quem já ouviu falar que não se nasce líder? E que para ser líder é preciso se tornar um? Essa escolha passa por uma decisão consciente e até dura de que o executivo precisará desenvolver algumas habilidades necessárias para a liderança. O que levará tempo, foco e muita dedicação.

Para entender sobre liderança, é necessário primeiro conhecer o perfil comportamental para ser um líder. Normalmente as organizações contratam e promovem executivos que possuem um perfil de dominância alto devido à proatividade. Contudo, para performarem no cargo, precisam ter tanto a visão estratégica de negócios, para atingir os resultados da organização, quanto o olhar orientado para pessoas, visando engajar emocionalmente e intelectualmente o time na execução da estratégia.

Entretanto, esse perfil de orientação para pessoas e para resultados é divergente. Porque ou a pessoa nasce com orientação para pessoas ou para resultados, e o perfil que ela não possui por natureza precisa ser desenvolvido, seja por meio de anos de experiência no cargo (on the job), que por sinal leva mais tempo e costuma ser o aprendizado com a tentativa de erro e acerto, aprendendo na chamada dor, ou de uma forma mais leve e assertiva com a ajuda de coachs e mentores.

Outro ponto essencial relacionado à liderança está no livro Pipeline da Liderança, dos autores Ram Charam, Stephen Drotter e James Noel. É por meio dele que entendemos que há seis passagens de liderança, iniciando pela (1) autoliderança, (2) liderança de outros, (3) liderança de líderes, (4) liderança funcional, (5) liderança de negócios e (6) liderança da organização. Segundo a obra, cada passagem de nível requer competências específicas que irão aumentando de complexidade conforme cada transição de liderança. Vale destacar que é uma leitura obrigatória para quem deseja ser um líder.

Na prática, tenho desenvolvido líderes em organizações familiares, privadas e cooperativas, de diferentes portes e segmentos no Brasil, e percebo que muitos executivos, senão todos, possuem lacunas em habilidades básicas e avançadas inerentes ao seu nível de liderança. Entre os pontos mais recorrentes, estão a delegação, a comunicação verbal (assertiva, empática, a escuta ativa e o feedback), a inteligência emocional, a gestão do tempo e a gestão por valores.

Acredito que essa realidade é consequência de o tema liderança ser órfão de pai e mãe. Afinal quem ensinou liderança para os líderes das gerações baby boomers, X e Y? Resposta: a experiência! Vejam, não se trata de uma abordagem teórica, mas sim de desenvolver as habilidades e competências ou o “como fazer na prática a liderança”.

Percebo ainda que o papel do líder está em constante transformação e que é influenciado diretamente pelas mudanças no contexto e, consequentemente, nas pessoas. Como exemplo, cito a abordagem da liderança colaborativa, em que o líder passa a tomar as decisões com a participação do time, incluindo conversas sobre carreira, feedbacks constantes e pontuais e a preocupação com a saúde mental dos colaboradores.

Face a essa realidade, cabe aos executivos investir em suas carreiras, visto que 85% de seu sucesso depende das habilidades comportamentais, de acordo com estudos. E cabe às organizações estruturar e implementar programas de desenvolvimento e aprimoramento de competências para formação e sucessão de seus atuais e futuros executivos visando à sustentabilidade de seus negócios.

GUIA DE POS + MBA

pt-br

2024-11-24T08:00:00.0000000Z

2024-11-24T08:00:00.0000000Z

https://digital.estadao.com.br/article/282514369084118

O Estado