O Estado de S. Paulo

Vem aí o Promot 5, com legislação mais rígida para reduzir poluição

Quinta fase do programa de controle de emissões em veículos de duas rodas obrigará fabricantes a renovar todos os modelos no próximo ano

Quinta fase do programa de controle de emissões obrigará fabricantes a renovar todos os modelos de motos.

Criado em 2003, o Programa de Controle da Poluição do Ar por Motociclos e Veículos Similares, conhecido pela sigla Promot, chegou à sua quinta fase, em janeiro deste ano. Com os novos limites, a emissão de monóxido de carbono (CO) pelas novas motocicletas e similares foi reduzida pela metade. Caiu de 2 g/km para 1 g/km. O mesmo nível das normas mais avançadas do mundo, como as da União Europeia. Além da redução do temido monóxido de carbono, a regra diminuiu os limites de emissão de hidrocarbonetos em 82% e os de óxidos de nitrogênio em 54%. O Promot 5 também introduziu limites para a emissão de hidrocarboneto não metano – gás decorrente de combustível não queimado completamente na combustão e não eliminado pelo catalisador. “Nessa nova fase, o programa também visa reduzir os gases liberados pelo tanque de combustível quando a moto está parada, além de determinar o aumento na durabilidade do sistema de emissão e exigir a introdução de um equipamento de diagnóstico de bordo”, acrescenta Sérgio Oliveira, diretor executivo da Abraciclo, associação que reúne as fabricantes de motocicletas. A nova regra estabelece limites para as emissões evaporativas dos combustíveis no tanque. “Tão ou mais nocivas do que os gases emitidos pelo escapamento, as emissões evaporativas precisam, agora, passar pelo cânister, que tem um filtro de carvão ativo para filtrar esses gases”, explica Luiz Gustavo Guereschi, supervisor de relações públicas da Honda Motos. Até então, as motos não contavam com tal filtro nem com o cânister. Com isso, os modelos de baixa cilindrada, por exemplo, poluíam o ar até mesmo quando estavam estacionados. Outro ponto destacado pelas fabricantes é o tal sistema de diagnóstico de bordo. Conhecido também pela sigla OBD (do inglês on board diagnosis), tem como objetivo alertar o condutor sobre problemas no controle de emissões da moto. Outra serventia poderá ser a utilização como método de verificação em programas de inspeção veicular. “Esse sistema alerta o condutor de que há algum problema nos sensores ou no sistema de emissões, mas não aponta a causa”, esclarece o supervisor de relações públicas da Honda. Alertado sobre o problema, o motociclista deve levar sua motocicleta a uma concessionária ou mecânico de confiança para que um aparelho faça a leitura e descubra qual é a falha. NOVOS LANÇAMENTOS. A obrigatoriedade da instalação do OBD se dá em duas etapas. Na primeira, o OBD M1, mais simples, é exigido na homologação de novos modelos, desde janeiro deste ano. Já o sistema OBD M2, mais avançado, será exigido, a partir de 2025, nos novos modelos e, a partir de 2027, em todos os veículos motorizados de duas rodas. Os requisitos para esses sistemas seguem a legislação europeia, mas foram adaptados às condições específicas do Brasil. “É preciso se atentar, porém, para o parágrafo quinto do Artigo 10. Ele diz que, a partir de 1º de janeiro de 2025, não serão admitidas homologações de veículos com OBD M1”, alerta o diretor executivo da Abraciclo. Esse detalhe técnico deve impulsionar as fabricantes a apresentar novos modelos, que atendem ao Promot 5, antes do próximo ano. Caso contrário, as fabricantes terão de instalar sistemas de diagnóstico mais avançados e caros para homologar suas motos. Justamente por isso, o próximo ano deverá ter muitas novidades para os motociclistas. Durante coletiva de imprensa realizada no Festival Interlagos, em junho passado, Marcelo Langrafe, diretor comercial da marca, anunciou que a Honda pretende lançar dez novos modelos de motocicleta até 2025. Segundo ele, “isso permitirá fortalecer a presença da marca em todos os segmentos e a modernização da linha de produtos”. Outras fabricantes, como a Yamaha, também terão de atualizar seus modelos para atender às novas regras. Os lançamentos devem se concentrar em motos de menor cilindrada e maior volume, vendidas no Brasil. Isso porque muitas dos modelos de maior cilindrada, comercializadas em outros mercados, como o europeu, já atendem à Euro 5, norma europeia equivalente ao nosso Promot 5. Aliás, a evolução das normas de emissão de poluentes para motocicletas também deve significar um aumento de preço nas motocicletas. Afinal, serão mais modernas e menos poluentes, segundo os fabricantes. Apesar do alto investimento e do aumento no preço das motos, a Abraciclo avalia o Promot como um programa bem-sucedido após 20 anos da sua implementação. Principalmente, por reduzir drasticamente a poluição no ar causada pelos veículos de duas rodas. De acordo com estudo da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da USP, em 2003, na primeira fase do programa, uma motocicleta emitia 390 quilos de monóxido de carbono na atmosfera por ano. Já um modelo que atende ao Promot 5 libera somente 30 quilos anualmente.

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2023-12-20T08:00:00.0000000Z

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