Quer fazer transição de carreira e acha que precisa voltar à estaca zero? Calma! Cursos de extensão como o MBA funcionam como o meio do caminho entre a antiga e a nova função, que pode ser na mesma área, mas com mais responsabilidades, ou ainda algo radicalmente diferente.

Vanessa Calipo, 39 anos, formada em Comunicação Social com habilitação em Rádio e TV, passou pelos dois cenários. Depois de trabalhar cinco anos na área, incluindo emissoras como Record e SBT, ficou reflexiva. “Eram questões de crescimento profissional. Achei que já não me identificava mais com o que havia escolhido”, conta. Alguns bons anos depois e um MBA no currículo, a guinada foi drástica.

Dilemas como o de Vanessa são exemplo para a tomada de novos rumos profissionais. “Alguns dos motivos relevantes para a mudança de carreira são estagnação e insatisfação profissional, mudanças de prioridades de vida, novos interesses, falta de propósito definido e cultura corporativa e chefe tóxico”, exemplifica Daniel Stolses, especialista em recolocação profissional da consultoria em Recursos Humanos LHH.

Decidida à mudança, Vanessa foi trabalhar como auxiliar administrativo numa organização social de saúde. Fez cursos livres de negociação e logística e acabou no setor de compras. Até que surgiu a oportunidade de ocupar um cargo de gestão. “Mas eu precisava de capacitação. Foi aí que eu optei por fazer um MBA na área de gestão em saúde na Fundação Getulio Vargas”, conta. Já são dez anos na função, liderando 40 pessoas e usando a mesma comunicação assertiva dos tempos de radialista.

Desenvolvimento

Mesmo quem não vai fazer uma guinada de 180 graus tem nos MBAs o impulso para a promoção, após anos em funções técnicas. “Engenheiros, médicos, advogados, por exemplo, se veem, em determinado momento, como gestores, e não mais como técnicos. O MBA permite que esses profissionais possam ter contato com o pensamento estratégico e de gestão, o básico para que possam seguir novos desafios”, diz Iná Futino Barreto, diretora acadêmica da pós-graduação lato sensu da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM).

O curso não desenvolve apenas a capacidade de gestão.”Além das ferramentas, modelos e teorias que ajudam no desenvolvimento do executivo ou empreendedor, temos também o desenvolvimento das chamadas soft skills, que no final fazem mais diferença na vida dele do que as ferramentas, que evoluem e mudam o tempo todo”, diz Paula Chimenti, Coordenadora do Centro de Estudos em Estratégia e Inovação do Instituto de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração da Universidade Federal do Rio de Janeiro (COPPEAD/UFRJ).

Qual MBA é para mim?

Os MBAs clássicos (leia mais na página 17) e todos os segmentados podem causar confusão na cabeça de quem busca essa especialização.

É verdade que o pré-candidato não vai escapar de uma pesquisa minuciosa sobre suas opções antes de entrar nos processos seletivos. No entanto, ajuda saber que alguns cursos conseguem abranger mais perfis de profissionais, como é o caso do MBA em Marketing ou em Gestão. Daniel Stolses, da LHH, também indica o MBA Executivo, “que abrange desde empreendedorismo, gestão de pessoas, finanças, marketing, entre outras áreas relevantes de atuação”.

Às vezes, é questão de complementação. A mineira Mariana Fagundes, 31 anos, viu no MBA em Gestão Financeira, que cursa enquanto atua como Especialista de Suporte de Vendas, uma chance de lapidar uma trajetória bem diversificada. Formada em Engenharia Química, sabia desde a faculdade que aquele não era seu caminho. Trabalhou com marketing, comércio e atendimento ao público. “Por muito tempo, eu achei que eu teria que começar do zero. Fazer outro vestibular, outra faculdade. Mas depois vi que eu tinha aprendido muita coisa durante minha vida profissional e poderia apenas buscar uma transição.”