Desafio do ator de ‘Detetive Alex Cross’ é dar ao herói o peso que tem na literatura
Streaming Série Personagem famoso dos livros de James Patterson sabe usar seu charme e técnicas de psicologia para resolver seus casos
MATHEUS MANS
Apesar do sucesso nas livrarias, o escritor James Patterson nunca viu seu principal personagem, o detetive Alex Cross, ser adaptado à altura nas telas. O personagem, um dos detetives modernos mais conhecidos ao lado de Myron Bolitar, de Harlan Coben, só ganhou adaptações que não encontraram o tom exato da coisa. Agora, o cenário parece mudar com Detetive Alex Cross, nova série do Prime Video que estreou na quinta-feira, 14. São oito episódios, lançados de uma só vez.
Criado pelo showrunner e produtor executivo Ben Watkins, de Burn Notice: Operação Miami e Mão de Deus, o seriado se distancia do que se viu nos filmes estrelados por Morgan Freeman e Tyler Perry. Nada de adaptar um livro de Patterson ao pé da letra. A ideia, aqui, é usar tudo que o autor fez para criar uma nova trama do zero. Todos os elementos criados por ele estão ali, mas há liberdade para ir além.
“A primeira coisa que me atraiu foram as 15 páginas iniciais do roteiro. Eu senti imediatamente uma conexão com o personagem”, conta Aldis Hodge (Uma Noite em Miami e Adão Negro), o ator por trás do novo Alex Cross. “Era algo que eu, como ator, procurava, mas que também cativava o público. Senti alívio ao ver um personagem brilhante, elegante, humilde, refinado, mas que, ao mesmo tempo, é ousado, arrojado, com estilo e charme. E conseguimos capturar tudo isso sem conflito, sem precisar explicar – simplesmente é.”
Na trama da nova série, Alex Cross é um detetive genial que usa técnicas da psicologia forense para analisar a mente dos suspeitos de seus casos. Ele vive perseguido pelo trauma da morte da esposa e mantém uma vida dupla – é um pai presente e amoroso em casa, mas também um policial obstinado por caçar assassinos.
O foco é desenvolver quem é o detetive. “Cross é um homem profundamente íntegro, mas também muito conflituoso. Neste momento, o encontramos em uma fase em que ele lida com uma enorme carga de tristeza. Está tentando ser presente para os filhos como pai, tentando manter a sanidade para enfrentar as responsabilidades como detetive”, resume Hodge.
REDENÇÃO. “Ao mesmo tempo, ele busca redenção por alguns esqueletos no armário. Ele sabe quem é, no fundo, e está tentando se apegar a isso. É um homem lutando para se manter íntegro, moralmente
correto, a pessoa que ele sabe que deve ser.”
Talvez seja exagero colocar Alex Cross no mesmo patamar de Sherlock Holmes e Hercule
Poirot quando pensamos em grandes detetives da literatura, mas sem dúvida ele é um personagem que está na mente das pessoas. Hodge conta que desde o começo ficou empolgado com a ideia de ser Cross.
NADA PREVISÍVEL. “Provavelmente é o personagem mais legal que já tive chance de interpretar. Nada é comum, nada é previsível. Há um método na loucura, o que me fascina. Eu pensei: se vou fazer parte de algo por vários anos, quero que seja algo com potencial de crescimento”, diz o astro.
O desafio de lidar com os leitores de Patterson, para Hodge, é um elemento mais do que positivo. Ele garante não ter ficado com medo desse desafio em momento algum. “Para mim, como artista, sempre estamos procurando papéis que nos desafiem, nos levem ao nosso melhor. Não dá para alcançar isso em um lugar de conforto e familiaridade, certo?”, diz. “Você precisa mergulhar no desconhecido. Eu sabia que, no final, seria um artista melhor e estaria satisfeito com o que tive a oportunidade de fazer. Acho que a empolgação e o medo são dois lados da mesma moeda. Um é impulsionado pela dúvida, que é o medo, e o outro pela fé. E tenho total fé no que estamos fazendo.”
Por fim, é difícil não questionar: se as adaptações de Alex Cross nos cinemas não se saíram tão bem, com Beijos Que Matam, Na Teia da Aranha e A Sombra do Inimigo, o que muda agora? Aldis Hodge se diverte com a pergunta.
“A diferença é que agora temos uma série de TV, há tempo e espaço para explorar completamente o universo de Cross”, garante. E acrescenta: “Vivemos com ele, dentro da sua mente, e dentro das mentes dos serial killers que ele persegue. Não é só uma perseguição de gato e rato; estamos dentro dela, tentando descobrir as pistas com ele. E além disso, trazemos o cenário atual, cultural e geracional para a série. Para os fãs dos livros, criamos uma experiência extensa desse mundo que eles conhecem e amam”. •
“A primeira coisa que me atraiu foram as 15 páginas iniciais do roteiro. Eu senti imediata conexão com o personagem”
“Provavelmente é o personagem mais legal que já tive. Nada é comum, nada é previsível. Há um método na loucura, o que me fascina”
Aldis Hodge, ator
CULTURA&COMPORTAMENTO
pt-br
2024-11-18T08:00:00.0000000Z
2024-11-18T08:00:00.0000000Z
https://digital.estadao.com.br/article/282192246524112
O Estado