O Estado de S. Paulo

Empresários falham 2 vezes antes de ter sucesso

Pesquisa mostra que 96% dos donos de negócios acreditam que erros são oportunidades de aprendizado

LUDIMILA HONORATO

Natural de Minas Gerais, Isonel da Paixão Araújo, de 49 anos, se mudou para São Paulo na década de 1990 com a ideia de ter o próprio negócio. Começou a trabalhar como garçom e barman e, familiarizado com o setor, abriu um hortifrúti em 1998. Ele acreditava que, por já atuar no meio, conhecer fornecedores e possíveis clientes, seria uma boa aposta. O negócio, porém, não fluiu como o esperado.

“Quando você trabalha com produto alimentício, tem uma margem boa, mas também muita perda, porque são produtos perecíveis, e isso me causava certa preocupação”, relata. A logística dos produtos não funcionou bem, e o lucro que ele tinha era levado com os itens que estragavam.

Araújo fechou o negócio após um ano e meio e avalia que não tinha preparo suficiente. O fato de não ter se dedicado 100% ao empreendimento (ele ainda trabalhava como garçom) também influenciou negativamente. Persistente e buscando “algo a mais”, ele foi atraído para o setor de beleza por meio da irmã, que já tinha um salão.

Ali, a postura dele foi diferente, pois tinha aprendido com a experiência anterior. “Eu encarei de cabeça, apostei primeiro em mim para dar certo. Fiz cursos, fiz estágio com minha irmã, ela me orientou, indicou clientes.” Em 2000, ele abriu o próprio salão, que leva seu nome e está na mesma localização até hoje, na região do Jardim Paulista.

Encarar o que deu errado como algo positivo é desafiador, mas empreendedores costumam persistir, ser inquietos e aprender com as experiências negativas. Segundo a Pesquisa Global de Empreendedorismo 2022, encomendada pela Herbalife Nutrition à OnePoll, 96% dos donos de negócios brasileiros concordam, parcial ou totalmente, que erros são oportunidades de aprendizado. Em média, os empreendedores tiveram duas ideias malsucedidas antes de encontrar uma que funcionasse.

A maioria dos empresários ouvidos concorda que, para ter sucesso, não se pode ter medo de errar e está disposta a correr o risco de falhar a fim de ser bem-sucedido. Eles também apontam o amadurecimento como fator de sucesso de um negócio. Quando tinha 24 anos, Wagner Alexandre abriu uma loja de assistência técnica para celulares que durou quatro meses.

Ele teve outra empresa no mesmo segmento e depois uma hamburgueria. Entre os motivos para ter saído dos negócios, o curitibano lista a falta de maturidade e destreza para trabalhar com sócios. “No primeiro negócio, eu não tinha noção de estrutura de empresa, perspectiva de crescimento, visão de longo prazo”, diz ele, hoje com 34 anos.

SUCESSO. Em 2017, Alexandre abriu outra hamburgueria, desta vez sozinho. Hoje, a Pimp Burger tem duas unidades e vai iniciar a expansão por franquias, cuja formatação foi concluída no início de julho. O empresário aprendeu que é necessário formatar bem o contrato entre os sócios, definindo direitos e deveres de cada um, com funções bem descritas para não haver cobranças inadequadas no futuro.

“Fazer sociedade é algo complexo, e os conflitos são inerentes. É essencial que os papéis de cada um estejam definidos”, diz Roberto Lange Rila, responsável pelos cursos de Gestão e Negócios do Senac EAD. Segundo ele, sempre vamos aprender, no sucesso ou no fracasso, mas muitas vezes é com fracasso. Ele diz que não ter um plano de negócio é um desafio para muitos empreendedores. •

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2022-07-31T07:00:00.0000000Z

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