O Estado de S. Paulo

Votorantim Cimentos reativa fábrica no Paraná

Com investimento de R$ 145 milhões, unidade em Itaperuçu vai produzir insumos agrícolas e processar resíduos

IVO RIBEIRO

Nas instalações de uma antiga fábrica de cimento, sem atividade há mais de uma década, em Itaperuçu, na região metropolitana de Curitiba (PR), a Votorantim Cimentos (VC) iniciou ontem a produção de insumos agrícolas usados na correção e nutrição de solos e começou a processar resíduos sólidos urbanos, incluindo industriais, gerados na região. São duas operações diferentes no mesmo local, e os dois produtos são parte da divisão de novos negócios da companhia. A VC, como é conhecida, passou a investir alto em operações adjacentes ao seu principal negócio, que é cimento e concreto, desde 2019.

“Almejamos, até 2030, aumentar a representatividade de novos negócios em nosso portfólio”, disse ao Estadão o presidente global da empresa, Osvaldo Ayres. A meta, informa o executivo, é quase dobrar a fatia atual de novos negócios na receita da empresa no Brasil até o fim da década, ante os 15% atuais. “Somando operações no País e no exterior, o objetivo é ter 25%.”

No ano passado, a VC gerou receita líquida consolidada de R$ 26,7 bilhões, quase metade do valor total do grupo, com destaque para a venda de 37 milhões de toneladas de cimento. Líder do mercado brasileiro de cimento, e entre as dez maiores do mundo, a VC criou inicialmente a Verdera, cinco anos atrás, para ser a supridora de resíduos processados que vão compor a carga de material energético dos fornos de cimento. A Viter Agro, por sua vez, surgiu no ano seguinte, dedicada a desenvolver insumos agrícolas mais sofisticados (não somente o calcário). As duas atividades ganharam corpo dentro da companhia.

Atualmente, a divisão de novos negócios da cimenteira do grupo Votorantim abrange a produção de argamassas, rejuntes, impermeabilizantes, cal, agregados (areia e brita) e a empresa de logística digital Motz, além da Viter e da Verdera, que se tornou um negócio especializado em fazer a gestão e destinação sustentável de resíduos sólidos.

Mão no bolso Investimento em Itaperuçu se insere no pacote de R$ 5 bi anunciado em janeiro pela empresa

O investimento é de R$ 145 milhões para revitalizar a antiga fábrica de Itaperuçu, onde está a maior unidade de cimento da VC. Com instalações adaptadas e equipamentos com tecnologia importada, vai produzir 600 mil toneladas de insumos agrícolas e processar 48 mil toneladas de resíduos sólidos urbanos por ano. A empresa informa que é a primeira unidade no Brasil dedicada exclusivamente às operações da Viter e da Verdera.

O executivo destaca que essa expansão se insere no programa de investimento de R$ 5 bilhões anunciado em janeiro pela companhia, de crescimento e competitividade estrutural das suas operações no Brasil. Desse valor, R$ 800 milhões serão aplicados em seus negócios no Estado do Paraná.

DESCARBONIZAÇÃO.

Com esse pacote de investimentos, destaca o executivo, a VC passa a ter um portfólio de atividades mais resiliente. Isso, na sua visão, reduz a volatilidade dos negócios, localmente e no exterior. No foco, estão maior competitividade das operações, com redução de custos, e a descarbonização da empresa. O setor cimenteiro é o maior emissor mundial de carbono na área industrial, com 8% a 9% do total gerado.

O coprocessamento de combustíveis alternativos, substituindo coque de petróleo e carvão mineral nos fornos de cimento da VC, vem desde 1991. A Verdera foi montada em 2019 para garantir, como um negócio dedicado, o suprimento de resíduos diversos. Hoje, são usados desde pneus que não servem mais para uso, casca de arroz, biomassa da madeira até resíduos sólidos urbanos e caroço de açaí.

“A VC encerrou 2023 com uso de 31% de material alternativo aos combustíveis fósseis, quase 5 pontos porcentuais acima de 2022. Nossa meta é atingir 53% no fim da década”, diz o presidente global da companhia. Ele destaca que isso gera dois tipos de ganhos. Primeiro, a empresa passa a emitir menos CO2 na natureza a partir das operações de suas fábricas de cimento.

Por outro lado, consegue reduzir custos de insumos, uma vez que o coque e o carvão são insumos importados e com valor dolarizado, e sujeitos à volatilidade dos preços do petróleo e das commodities minerais. A emissão média global da empresa em 2023 foi de 556 quilos de CO2 equivalentes por tonelada de cimento fabricada – menos 4% sobre o resultado do ano anterior. •

ECONOMIA & NEGÓCIOS

pt-br

2024-04-10T07:00:00.0000000Z

2024-04-10T07:00:00.0000000Z

https://digital.estadao.com.br/article/282106346670759

O Estado