O Estado de S. Paulo

Era de robôs humanoides está próxima, diz CEO da Nvidia

Para Jensen Huang, a inteligência artificial vai entrar agora numa fase ‘física’, que pode ‘raciocinar e agir’

BRUNA ARIMATHEA ENVIADA ESPECIAL A LAS VEGAS A REPÓRTER VIAJOU A CONVITE DA CONSUMER TECHNOLOGY ASSOCIATION (CTA)

Jensen Huang, CEO e fundador da Nvidia, acredita que os carros autônomos devem ser a nova “obsessão” da tecnologia e que o futuro da inteligência artificial (IA) agora se encaminha para o que ele chama de inteligência artificial física, com a chegada de robôs e agentes de IA. Foi o que o bilionário afirmou durante a principal apresentação na cerimônia de abertura da Consumers Electronics Show (CES) de 2025, maior feira de tecnologia do mundo, que acontece nesta semana em Las Vegas.

O evento trouxe várias visões de Huang e da própria Nvidia sobre as apostas em IA, e também serviu para o lançamento de novos produtos da empresa – incluindo uma nova família de processadores, a RTX 50-series, mais rápida e eficiente que a geração anterior. Huang também mostrou como funciona o novo processador Blackwell, GPU que pode processar protótipos e executar ajustes finos em modelos de linguagem.

O momento para os lançamentos é bastante favorável à Nvidia. A empresa, que no ano passado ultrapassou a marca de US$ 3 trilhões em valor de mercado, é hoje uma das companhias mais valiosas do mundo, ao lado de Microsoft e Apple.

E, mesmo tendo cerca de 80% do mercado de chips de IA no mundo, a Nvidia aposta em um portfólio sempre atualizado para manter sua dominância – já que seus rivais também aproveitaram a CES para anunciar novos produtos.

A AMD, por exemplo, anunciou novos processadores para trazer IA para notebooks. Sua nova família de chips Ryzen quer otimizar a forma como a IA lida com games e softwares mais pesados. Já a Intel apresentou um novo processador da linha Core, o Ultra 200, para equipar computadores e melhorar a performance de games.

“Tudo começou com a IA de percepção – compreensão de imagens, palavras e sons. Depois, a IA generativa, criando textos, imagens e sons”, disse Huang, na apresentação em que o Estadão estava presente. “Agora, estamos entrando na era da IA física, IA que pode proceder, raciocinar, planejar e agir.”

ROBÔS HUMANOIDES. Segundo Huang, os robôs humanoides vão entrar no radar do mundo da tecnologia com mais força a

Visão

Executivo diz que os carros autônomos devem ser a nova ‘obsessão’ da IA

partir de agora. Para ele, esses dispositivos só tendem a melhorar com a IA e com o aprendizado de máquina, o que torna o momento propício para o desenvolvimento e, principalmente, treinamento desses equipamentos de acordo com as funções que eles podem desempenhar para seus usuários – seja no âmbito doméstico ou de uso em fábricas.

Além disso, Huang disse que os carros autônomos revolucionaram o mercado automobilístico e vieram para ficar. Tanto que a Nvidia anunciou uma parceria com a Toyota para oferecer um software de navegação para carros elétricos, uma espécie de passo anterior aos modelos autônomos que Huang deseja ver nas ruas.

Mas o tema mais destacado pelo CEO da Nvidia foi a transição do momento da IA do mundo digital para o mundo físico. É com esse conceito que a empresa espera desenvolver os agentes de IA – programas com capacidade de realizar tarefas de maneira autônoma, com pouca ou nenhuma supervisão humana. Para isso, a Nvidia criou o Cosmos, uma plataforma para integrar IA e robótica.

A intenção é usar o que a empresa chama de Omniverso para construir situações que possam ser resolvidas por robôs na vida real. Assim, aI Apode criar uma série de cenários para uma máquina que trabalha em um estoque, por exemplo, ao passo que na simulação real a inteligência artificial consegue replicar todas as situações de perigo com elementos verdadeiros.

“O Omniverso, em conjunto com os novos modelos de base, cria um mecanismo de multiplicação de dados sintéticos, permitindo que os desenvolvedores gerem facilmente grandes quantidades de dados controláveis e ‘fotorrealistas’. Os desenvolvedores podem compor cenários 3D no Omniverso e renderizar imagens ou vídeos como resultados. Em seguida, eles podem ser usados com ‘prompts’ de texto para condicionar os modelos Cosmos agerar inúmeros ambientes virtuais sintéticos parat reinamento físico de IA ”, explicou aempre sano seublog.

Na prática, é uma forma de fazer uma simulação da análise preliminar de uma IA com elementos mais concretos do dia adia.

No fim da apresentação, Hua ng reafirmou aimportância do processamento de IA dentro do desenvolvimento da tecnologia e apresentou o projeto Digits, um supercomputador de IA que a empresa tem utilizado para suportar seu software de criação, e destacou a importância de um dispositivo do tipo para o setor.

“Todo engenheiro de software, todo artista criativo, todo mundo que usa computadores hoje como uma ferramenta precisará de um supercomputador de IA”, disse Huang. •

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