Um euro equivale a R$ 5,40. Com este valor, mal dá para tomar um café expresso. Mas é o suficiente para adquirir uma casa na Itália.

Algumas prefeituras italianas oferecem há mais de dez anos o programa “Casa por 1 euro”. Mas é preciso ficar atento para não cair em uma cilada. Geralmente, as casas oferecidas por valor simbólico são antigas e precisam de muitas reformas, além de ficarem localizadas em municípios pequenos, com pouquíssimos habitantes. A iniciativa visa revitalizar e atrair moradores para vilarejos.

Cada prefeitura define suas regras. Em Mussomeli, comuna italiana na região da Sicília com cerca de 11 mil habitantes, o interessado precisa assinar uma solicitação de compra e ir até o município para realizar uma vistoria no imóvel e se inteirar sobre o valor das despesas envolvidas na revitalização. Não é possível fazer o processo de forma remota, a não ser que haja a contratação de um profissional para intermediar a transação.

O comprador também precisa encarar todas as burocracias, como a elaboração da escritura de compra e venda no prazo de dois meses a partir da aprovação da aquisição, elaborar um projeto de recuperação do imóvel e iniciar os trabalhos, também em dois meses.

Por fim, ainda precisará fazer um depósito de € 5 mil (R$ 27 mil) em favor do município de Mussomeli como garantia da finalização do projeto, cujo prazo máximo para término é de três anos. “Na verdade, você não compra uma casa por € 1. Você compra um projeto”, diz Cristina Helena de Mello, professora de economia da ESPM. “O que eles estão fazendo é buscar pessoas com capacidade de investir em casas que estão, em alguns casos, muito deterioradas.”

CUIDADOS. De acordo com Cristina, antes de comprar a casa deve-se estar ciente de todas as dificuldades em revitalizar os imóveis. Normalmente, são casas tombadas, com valor histórico, por isso precisam ser reformadas por profissionais especializados.

Ela também explica que há, geralmente, dois motivos para os imóveis estarem sob a posse da prefeitura: falta de herdeiros que reivindiquem a propriedade ou altos custos de manutenção. “São casas muito antigas. Quando foram construídas, não havia fiação elétrica, tubulação. Então, para fazer essas instalações, precisa tanto da autorização, que é burocrática, como também de mão de obra especializada.”

A professora alerta para outra questão. “É preciso verificar se é possível alugar a casa, se esse for o objetivo, ou se há como arrumar trabalho no local, se for o caso.”

Dependendo da região, se o comprador não reformar a casa dentro do prazo estipulado, além de perder o imóvel, poderá também ser multado.

As ofertas por casas de € 1 na Itália costumam ter alta demanda. Para ficar sabendo das oportunidades, é preciso monitorar os sites dos municípios que aderiram ao programa. Uma das páginas na internet é www.comune.santeliaapianisi. cb.it. Outro exemplo é o www.case1euro.it/properties. •