Uma tecnologia apresentada na Agrishow, a maior feira de tecnologia para o agronegócio da América Latina, em Ribeirão Preto (SP), propõe um novo conceito para a queima de combustíveis, que deve permitir ampliar o uso do etanol em veículos voltados ao setor sucroenergético.

O sistema, lançado pela Grunner em parceria com a

DSA, possui um injetor que possibilita que o etanol comece a ser queimado antes de chegar à câmara de combustão. Isso, segundo os desenvolvedores, abre um leque de possibilidades para que máquinas agrícolas funcionem a etanol sem perder eficiência energética.

A tecnologia é única no mundo e está sendo apresentada aos visitantes da feira como um protótipo, embarcado em um transbordo de cana-de-açúcar. No segundo semestre deste ano, o equipamento deverá estar pronto para começar as operações em campo, em um laboratório a céu aberto da Grunner, com 6,5 mil hectares de cana. O objetivo é que a tecnologia seja empregada na colheita da safra deste ano até o final, além de ser testada em propriedades de três produtores.

“A nossa confiança no projeto é muito grande. Estamos fazendo história no etanol”

José Reche

Diretor de operações comerciais da Grunner

José Reche, diretor de operações comerciais da empresa, afirma que o protótipo é resultado de pelo menos oito anos de estudos, com intensificação nos últimos 24 meses. No ano passado, a empresa já havia demonstrado, durante a Agrishow, um motor conceito. “A nossa confiança no projeto é muito grande. Estamos fazendo história no etanol”, afirma Reche.

O sistema de combustão desenvolvido pela parceria inova em relação aos dois ciclos existentes para a queima de combustível no Brasil: o ciclo diesel, que aumenta a temperatura do combustível por meio de pressão, e o ciclo otto, cuja queima é iniciada por meio de centelhas produzidas na vela de ignição. “Esse protótipo que trouxemos para a feira não é nem ciclo diesel nem ciclo otto. Ele inaugura um sistema novo, uma terceira via.”

A DSA, parceira da Grunner, é especializada em sistemas de injeção eletrônica. Brasileira, já entregou tecnologias para a Fórmula 1 e para a Fórmula Indy.

TRATOR E COLHEDORA. Em outro estande, o da John Deere, também foi anunciado ontem o protótipo de um trator movido a etanol. A multinacional já havia apresentado um motor conceito na edição do ano passado e agora traz a tecnologia embarcada em um equipamento.

O trator, com combustão dentro do ciclo otto, está sendo testado no Brasil nos segmentos de cana-de-açúcar e grãos – onde o etanol está amplamente disponível. Segundo a empresa, o motor foi calibrado com ajustes de software para garantir alta performance e, com isso, apresentar desempenho semelhante aos de motores a diesel.

A Case IH também anunciou uma máquina de grande porte movida a etanol. O equipamento é uma colhedora de cana de duas linhas, testada nas lavouras de cana do Grupo São Martinho. Foram dez dias de testes na safra passada e, a partir deste mês de abril, a máquina voltará a operar. •