O Estado de S. Paulo

Plano Safra terá R$ 475,5 bi, 9% a mais do que o anterior

De acordo com governo, montante é 9% maior do que o volume de crédito oferecido no período 2023/2024

ISADORA DUARTE

O Plano Safra 2024/25 terá R$ 475,56 bilhões em recursos disponíveis para financiamento de pequenos, médios e grandes produtores. O valor, recorde, é 9% maior do que o ofertado na safra anterior, de R$ 435,8 bilhões. Os detalhes do Plano Safra 2024/25 serão apresentados em cerimônia, no Palácio do Planalto, na próxima quarta-feira.

“O resultado é muito satisfatório porque é 9% maior sobre um recorde de 2023, que foi 28% superior ao anterior. Diante da queda do custo de produção de 9% na próxima safra, o aumento de 9% nos recursos vai acarretar em uma cobertura 20% maior em hectares ante o Plano Safra passado”, disse o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, em entrevista ao Estadão/Broadcast.

Do montante, R$ 400,585 bilhões serão destinados para a agricultura empresarial (médios e grandes produtores), ante R$ 364,22 bilhões ofertados na safra passada – aumento de 10%. Para a agricultura familiar, os recursos cresceram 4,7%, passando de R$ 71,6 bilhões, no Plano Safra 2023/24, para R$ 74,98 bilhões no novo programa.

O volume total de recursos do Plano Safra 2024/25 ficou em linha com o previsto pelas instituições financeiras para demanda de crédito rural. Bancos que atuam no segmento dizem que a queda de cerca de 10% no custo de produção na próxima safra, a expansão prevista da área plantada e a cautela do produtor rural para investimento demandariam uma política de crédito oficial de até R$ 500 bilhões.

Dados calculados pelo ministério mostram que o custo de produção da soja caiu de R$ 83,40 por saca, na safra 2023/24, para R$ 75,80 por saca na próxima safra. Já o custo de produção de milho é estimado em R$ 39,80 por saca, ante R$ 44,00 por saca da temporada passada.

PEDIDO. O setor produtivo pedia R$ 570 bilhões para a agricultura empresarial e familiar, conforme pleito apresentado pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Na safra passada, os recursos disponibilizados pelo governo superaram em 5% o demandado pelo agronegócio. O setor afirma que a restrição de crédito, sobretudo para pequenos e médios produtores, dada a queda na rentabilidade e a aversão a risco, demanda aumento da oferta de crédito oficial.

O ministro afirma que a restrição de crédito relatada no mercado, com bancos mais seletivos na concessão de financiamentos, pesou na decisão do Executivo de ampliar os recursos. “A constatação técnica foi de que era preciso maior apoio para o setor neste momento. Por isso, foi feito um esforço orçamentário gigante, e temos o BNDES como um agente muito ativo no Plano Safra”, disse Fávaro.

A oferta total de crédito na safra 2024/25 chega a R$ 582 bilhões. “Além dos recursos ofertados, há R$ 106 bilhões direcionados por Cédula de Produtor Rural (CPR) e Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs) que serão complementares ao Plano Safra e elevam o total de recursos a serem empregados na agropecuária brasileira”, destacou Fávaro.

O custo ao Tesouro para subvenção das taxas de juros do Plano Safra 2024/25 será de R$ 16,7 bilhões para financiamentos de pequenos, médios e grandes produtores, 23% a mais do que na temporada passada.

Do total, R$ 6,3 bilhões serão destinados para subsídio da agricultura empresarial (ante R$ 5,1 bilhões em 2023/24) e R$ 10,4 bilhões, para a agricultura familiar (ante R$ 8,5 bilhões de 2023/24).

“Foi feito um esforço sem precedente do governo em momento de ajuste fiscal para ter uma participação do Tesouro 23% maior. Quando a Frente Parlamentar da Agropecuária pediu R$ 22 bilhões de subvenção, achei que estava muito longe, mas foi determinação do presidente Lula termos novamente o maior Plano Safra da história e ter um Plano Safra deste tamanho. Ele foi decisivo para a ampliação de recursos, investindo para o Brasil crescer”, afirmou o ministro.

DIVISÃO E JUROS. Do total de recursos destinados à agricultura empresarial, as modalidades de custeio e comercialização terão R$ 293,88 bilhões de recursos no Plano Safra 2024/25, 8% a mais do que na temporada passada (R$ 272,12 bilhões). Para as linhas de investimento, serão destinados R$ 106,7 bilhões, alta de 16% em relação aos R$ 92,10 bilhões da temporada passada.

As taxas de juros do Plano Safra 2024/25 tendem a se manter praticamente estáveis, variando de 7% a 12% ao ano, entre as linhas de custeio e investimento. “Neste momento de restrição do crédito privado, entendemos que é mais importante ter mais recursos para custeio”, afirma.

Segundo Fávaro, o produtor com boas práticas ambientais poderá ser beneficiado com até 1 ponto porcentual de desconto nos juros. “Ele (Plano Safra) estimula o reconhecimento das boas práticas dos produtores de forma muito simplificada”, diz o ministro.

O Plano Safra 2024/25 contará também com reforço das linhas dolarizadas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), adiantou o ministro. Serão R$ 11 bilhões em linhas dolarizadas para custeio, a juros entre 8,5% e 9,5% ao ano, com a opção de o produtor acessar em reais a juros de 12% ao ano, e R$ 11,5 bilhões – considerando R$ 2 bilhões remanescentes do valor já ofertado – em linhas dolarizadas para investimento. “Além disso, terá mais 5,5% de recursos livres do BNDES. O BNDES entrou pesado neste Plano Safra e, por isso, adiamos o lançamento para finalizarmos as linhas”, afirma.

O ministro diz ainda que a suplementação ao orçamento da subvenção ao seguro rural será anunciada junto com o Plano Safra. “Isso está em construção”, afirmou Fávaro. Há tratativas finais em andamento entre as equipes técnicas para definir o tamanho da complementação e fontes de recursos. •

“O resultado é muito satisfatório porque é 9% maior sobre um recorde de 2023, que foi 28% superior ao anterior”

“Entendemos que é melhor ter mais recursos para custeio”

Carlos Fávaro Ministro da Agricultura

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2024-06-28T07:00:00.0000000Z

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