Scorpions conta os segredos de 60 anos de carreira
Com o lema ‘Paz, amor e rock’n’roll’, banda alemã fala ao ‘Estadão’ antes do show de hoje
GABRIEL ZORZETTO
De volta ao Brasil, os roqueiros cantam no Monsters of Rock e revelam detalhes do filme que contará suas décadas de sucesso
“Paz, amor e rock’n’ roll” é o lema do Scorpions e a explicação do vocalista Klaus Meine para a longevidade da histórica banda alemã, que celebra nada menos que 60 anos de carreira em 2025.
Desde que o grupo de escorpiões deu as caras em Hannover, com sonoridade capaz de “te balançar como um furacão”, foi “amor à primeira ferroada” – parafraseando o título do hit Rock You Like a Hurricane e de Love At First Sting (1984).
Passadas seis décadas, o conjunto não dá sinais de parada. Em mais uma turnê mundial, voltam ao Brasil pela 12.ª vez para shows em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. Na capital paulista, a apresentação será neste sábado, no Allianz Parque, para marcar os 30 anos do festival Monsters of Rock, com Judas Priest, Europe, Quensrÿche e mais nomes de som pesado. Em 2023, eles participaram do mesmo evento no estádio palmeirense, com Kiss e Deep Purple.
Somada ao ritmo intenso de shows e gravações (o álbum mais recente, Rock Believer, saiu em 2022), há a produção de uma nova cinebiografia, cuja data de estreia ainda não foi confirmada. O título do filme deve ser Wind of Change, nome da mais famosa balada da banda, de 1991, que é o epítome da esperança por paz, inspirada nos “ventos de mudança” trazidos pelo fim da União Soviética e a queda do Muro de Berlim.
Em entrevista ao Estadão, por videoconferência, Meine e os guitarristas Rudolf Schenker e Matthias Jabs deram detalhes do longa-metragem, lembraram momentos importantes da carreira e comentaram suas controversas capas de discos, muitas vezes trazendo imagens sensuais e pitadas de crítica social.
Para começar: qual é o segredo para chegar a 60 anos de carreira?
Klaus: Paz, amor e rock’n’roll.
Só isso?
Klaus: Nós gostamos de ser uma banda ao vivo – e gostamos dessa louca jornada juntos. Sessenta anos é um momento tão especial. Quem diria, há tantos anos, que ainda estaríamos por aqui em 2025, balançando o mundo e voltando ao Brasil?
Olhando para a história do Scorpions, quais foram os momentos determinantes para o sucesso da banda?
Rudolf: Foram três grandes passos. Um deles, quando Uli John Roth (guitarrista que entrou no grupo em 1973 e saiu em 1978) veio para criar com nosso produtor Dieter Dirks. O segundo momento foi quando começamos a fazer Lovedrive (1979), Matthias entrou na banda e já demos o passo para os EUA. O passo seguinte foi a situação na Rússia – nós, como
“O Scorpions nunca foi uma banda política. Mas ‘Wind of Change’ surgiu de uma situação na União Soviética, quando a janela de um mundo pacífico se abriu”
“Houve muitos momentos especiais nos anos 80. Mas o Rock in Rio foi histórico, foi um passo importante”
Klaus Meine
Vocalista do Scorpions
uma das primeiras bandas no mundo, fomos até lá e fizemos dez shows em São Petersburgo. Um ano depois, teve o Festival da Paz de Moscou diante de milhares de pessoas.
Klaus: Mas isso só foi superado por tocar no primeiro Rock in Rio. Houve muitos momentos especiais ao longo dos anos 1980, como o Festival US na Califórnia. Mas o Rock In Rio foi histórico. O Brasil foi um passo importante no caminho.
Sempre gostei daquelas capas provocativas dos álbuns do Scorpions. Elas foram importantes para representar o conteúdo dos discos?
Matthias: Toda capa de álbum deve representar o conteúdo da música e a imagem da banda. Para nós, foi muito importante nos anos 1980 ter capas de grande impacto. Infelizmente, com a invenção do CD, as capas encolheram. Com o vinil, é fantástico observar cada detalhe da capa antes de ouvir a música...
Klaus: Houve um tempo em que trabalhamos com pessoas como o lendário Helmut Newton (autor da capa de Love At First Sting). Naquela época, também havia o Hipgnosis (grupo de design gráfico) em Londres, com quem fizemos Lovedrive e Animal Magnetism (1980). Eram ótimas artes.
Como Wind of Change impactou a percepção pública do Scorpions? E como essa música dialoga com o cenário político atual? Klaus: O Scorpions nunca foi exatamente uma banda política. Mas essa música surgiu de uma situação na União Soviética, quando a janela para um mundo pacífico e livre estava aberta por um momento na história. Esta música ainda toca muita gente 35 anos depois. Ela teve mais de 1 bilhão de cliques no YouTube. Onde quer que a toquemos, ela envia uma mensagem de paz muito forte. Como eu disse, os Scorpions são paz, amor e rock n’ roll. Rock You Like a Hurricane é o rock, Wind of Change é a paz e o amor está em Still Loving You.
E a cinebiografia do Scorpions? Será algo no estilo do filme do Mötley Crüe, sexo, drogas e rock’n’roll? Matthias: O filme começará a ser filmado este ano, com atores nos interpretando. Será a história de uma jovem banda e mostra como nos expandimos pelo mundo. Não será como uma biografia típica. Será mais no estilo do filme do Queen ( Bohemian Rhapsody, de 2018).
Vocês vão tocar em São Paulo com o Judas Priest. E há alguns anos vocês tocaram com Kiss e Deep Purple. Como é a relação com esses outros grupos? Costumam sair juntos ou é tudo muito profissional?
Rudolf: Nos tornamos bons amigos ao fazer turnês pelo mundo, tocando juntos.
Klaus: Especialmente em São Paulo, há ótimos clubes como o Manifesto. Às vezes vamos lá quando estamos em São Paulo. E então aí você também sai com seus amigos e conhece outras bandas de rock. Como na última vez em que encontramos nossos amigos do Rammstein. Nos dias de folga, estávamos com os caras do Kiss na última vez que estivemos no Brasil. Basicamente, existem boas vibrações entre todas essas bandas porque compartilhamos a longa estrada juntos. •
Monsters of Rock
Allianz Parque. Av. Francisco Matarazzo, 1.705. Sáb., 19, a partir das 10h. R$ 240/R$ 1.810 (camarotes oficiais Backstage Mirante e Fanzone vão de R$ 1.610 a R$ 2.400). eventim.com
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