O Estado de S. Paulo

Inteligência artificial dará ‘cérebro’ à Lu, mascote do Magalu

Assistente virtual de varejista vai interagir com consumidor que quiser comprar celulares

CARLOS EDUARDO VALIM

O Magazine Luiza está entrando na era da inteligência artificial. A assistente virtual Lu – personagem criada para representar a empresa nas interações com os consumidores nas redes sociais – ganhou agora um “cérebro” operado pela plataforma de inteligência artificial (IA) generativa (que cria conteúdo) do Google.

Desde o lançamento do ChatGPT, no fim de novembro de 2022, e de sua rápida popularização, começou uma corrida nas empresas para adotar

e colocar em operação funcionalidades da nova geração da IA, que permite uma interação mais natural com os clientes. O lançamento do Magazine Luiza promete ser um dos primeiros de uma onda de aplicações corporativas das ferramentas de IA.

O Cérebro da Lu, como o projeto vem sendo chamado, deve ficar disponível para interações com os consumidores nas próximas semanas, segundo o vice-presidente de tecnologia da empresa de varejo, André Fatala. Ele será acessível por meio de chat, para atender usuários interessados em sugestões de compra de aparelhos móveis.

A funcionalidade é o primeiro passo de uma implementação mais ampla da IA generativa na varejista, e é alimentada pela plataforma chamada Vertex IA, que serve para projetos corporativos e é uma funcionalidade do Google Cloud, divisão de computação em nuvem da Alphabet – não confundir com a plataforma Bard, também do Google, mas voltada ao usuário final.

CELULAR. A prova de conceito para o uso da tecnologia no Magazine Luiza congrega informações sobre o portfólio de cerca de 10 mil modelos de aparelhos celulares vendidos pela empresa. O objetivo é que, com poucas informações passadas pelos consumidores, a ferramenta consiga ajudar a escolher os produtos que mais combinam com os interesses de cada um. “Com essa tecnologia, a Lu encurta o trabalho de fazer recomendações de acordo com as necessidades das pessoas”, afirma Fatala.

Por exemplo, um consumidor interessado em comprar um telefone adequado para o seu estilo de vida que inclui fazer longas trilhas no fim de semana pode entrar no site da empresa e pedir sugestões para quem tem esse hobby. Rapidamente, a personagem Lu responderá com dicas de alguns aparelhos, e justificará o porquê das escolhas entre as milhares de opções, explicando que eles são mais resistentes à poeira e à água, e que têm bateria com maior tempo de duração.

Em poucos segundos, o cliente terá informações que levaria muito tempo para coletar.

EXPERIÊNCIA. O caminho tradicional do consumidor seria fazer buscas na internet por telefones que poderiam se enquadrar em seu interesse, e ler as características de cada um deles. Ou então procurar um especialista em tecnologia que poderia dar as melhores dicas. Dessa forma, a IA substitui o mecanismo de busca na internet e a função do especialista em celulares, em troca de um ganho de tempo e de um acerto maior nas recomendações.

“Uma das grandes diferenças desta tecnologia é a capacidade de processar e conectar quantidades absurdas de dados”, diz Fatala.

USO CORPORATIVO. A explosão das ferramentas de IA generativa, assim chamada por gerar novos conteúdos, foi precipitada pelo lançamento do ChatGPT, desenvolvido pela OpenAI, e que atingiu a marca de 100 milhões de usuários em menos de três meses.

Em seguida a plataforma foi incorporada ao mecanismo de buscas da Microsoft, investidora da empresa, e o Google lançou a rival Bard. Uma série de outros mecanismos, que criam imagens, filmes e textos a partir de comandos do usuário, também passou a ser aberto nos últimos meses para uso na internet. “As empresas não podem ficar para trás do que o mercado demanda. Em um primeiro momento, muita gente está olhando para chatbots (sistemas de conversas com robôs)ea interação com os clientes, mas há um potencial gigantesco nos processos internos”, afirma o especialista em tecnologia e inovação Arthur Igreja. •

“As empresas não podem ficar para trás do que o mercado demanda. Em um primeiro momento, muita gente está olhando para chatbots e a interação com os clientes, mas há um potencial gigantesco nos processos internos” Arthur Igreja

Especialista em tecnologia

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2023-07-27T07:00:00.0000000Z

2023-07-27T07:00:00.0000000Z

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