Com fábrica nos EUA, Portobello planeja triplicar suas vendas
Com nova unidade, que custou R$ 900 milhões, empresa quer mitigar riscos da economia brasileira
LUCAS AGRELA
A Portobello, fabricante de porcelanatos e revestimentos cerâmicos, acaba de inaugurar uma fábrica no Tennessee, nos Estados Unidos. A planta, que custou US$ 180 milhões (R$ 900 milhões) e demorou cinco anos para ficar pronta, tem capacidade para triplicar as vendas da empresa nos mercados da América do Norte.
Com a fábrica em solo americano, a Portobello busca “se proteger” dos problemas econômicos locais, como inflação e juros altos. “Uma motivação interna da companhia foi ter proteção contra os altos e baixos do mercado que acontecem no Brasil e em qualquer outro lugar do mundo. Mas, por aqui, o risco país faz os ciclos oscilarem muito mais do que no exterior”, diz o presidente da companhia, John Suzuki, que está no cargo desde março – ele substituiu Mauro do Valle Pereira, que foi para o conselho de administração.
Segundo Suzuki, a geração de valor e o crescimento também pesaram na decisão de montar uma fábrica nos Estados Unidos, além da diversificação de risco. “O mercado americano é muito mais estável, promissor e com uma moeda forte.”
Com uma área construída de 90 m², o parque fabril no Tennessee tem capacidade de produção anual de 3,6 milhões de m² de cerâmica nesta primeira etapa de funcionamento.
LOCALIZAÇÃO. De origem familiar e com sede em Tijucas, em Santa Catarina, a Portobello tem duas fábricas no Brasil e atua no segmento de revestimentos cerâmicos desde 1979. Originalmente, a empresa foi criada para atuar no ramo de açúcar. Só depois de algum tempo, a família do fundador,
César Gomes, passou a produzir cerâmica.
O objetivo era tirar proveito da localização, que permitia tanto a venda para São Paulo quanto para países vizinhos, como Argentina e Chile. A estratégia deu certo e hoje, além da fábrica nos EUA, a empresa exporta para 60 países.
No segundo trimestre deste ano, a Portobello teve receita líquida de R$ 549 milhões, alta de 1,1% em relação a igual período de 2022, indicando uma estabilização do mercado. No primeiro semestre, o faturamento líquido chegou a R$ 1 bilhão. Listada na Bolsa de Valores de São Paulo (B3), a companhia é avaliada em mais de R$ 800 milhões.
VENDA DIRETA. Para Ivan Barboza, sócio da gestora Ártica Investimentos, a iniciativa da Portobello em regionalizar as vendas é positiva para o crescimento da empresa, apesar de trazer o desafio de capturar a demanda de mercado para manter a fábrica funcionando a toda capacidade.
“A fabricação nos EUA trará vantagens relevantes, como maior agilidade logística, melhor serviço no pós-venda e um custo de produção menos impactado por variações cambiais. A produção local também traz uma expectativa de rentabilidade mais alta do que a obtida na venda de produtos importados do Brasil”, diz Barboza.
Em um momento difícil para as varejistas de artigos para o lar, como Tok&Stok e C&C, que enfrentam dificuldades financeiras, a Portobello tem ampliado a venda direta ao consumidor com lojas próprias e franquias: são 146 unidades, sendo 24 próprias. No segundo trimestre deste ano, a empresa registrou recorde de vendas nessa divisão, chegando a R$ 233 milhões.
Para Suzuki, a aposta no formato de varejo sob a marca Portobello é uma abordagem para atender o consumidor por meio de diferentes canais de vendas. “Nossa loja é mais premium, com nível de atendimento elevado e não concorre muito com o home center. Também vendemos para empresas para atender clientes com alto nível de exigência. Além disso, temos parcerias com construtoras e arquitetos”, afirma.
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2023-09-29T07:00:00.0000000Z
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