O Estado de S. Paulo

FMI e bancos revisam para cima projeção do PIB no ano

Previsão é de que o Brasil cresça 0,8%; média mundial deve cair

RENÉE PEREIRA ANDRÉ JANKAVSKI

Aalta das vendas do varejo, a liberação de saques do FGTS e a valorização das commodities no mercado externo fizeram com que bancos, consultorias e o Fundo Monetário Internacional revisassem para cima a previsão de desempenho do PIB brasileiro em 2022. Para o FMI, o Brasil deve crescer 0,8% no ano – a projeção anterior era de 0,3%. A média mundial caiu de 4,4% para 3,6%. O conflito na Ucrânia pressiona a economia, sobretudo a da Europa, mas ajuda exportadores de grãos. Em março, as vendas externas do agronegócio brasileiro atingiram US$ 14,53 bilhões, recorde para o mês.

29,4%

Foi o crescimento das exportações do agronegócio brasileiro em março, ante o mesmo mês do ano passado

Uma série de dados positivos, como alta nas vendas do varejo, aumento no preço das commodities e liberação do FGTS, levou bancos, consultorias e o Fundo Monetário Internacional (FMI) a revisar para cima a previsão de crescimento da economia brasileira neste ano. No caso das previsões do FMI, divulgadas ontem, o Brasil deverá crescer 0,8% (a expectativa anterior era de 0,3%), ante crescimento mundial de 3,6% (4,4% antes).

O conflito entre Rússia e Ucrânia explica tanto a revisão para cima do crescimento de alguns países, como o Brasil, quanto a queda do avanço mundial. A alta no preço das commodities pressiona a economia sobretudo da Europa, mas dá algum fôlego para países exportadores de grãos.

Para sete ruma ideia, as exportações brasileiras do agronegócio tiveram o maior valor para o mês de março da história, a US$ 14,53 bilhões, alta de 29,4% em relação ao mesmo período do ano passado. O principal motivo foi o aumento de 27,6% nospreços praticados, segundo o Ministério da Agricultura.

No mercado interno, as vendas no varejo em fevereiro, por exemplo, tiveram alta de 1,1%, de acordo com o IBGE, acima das expectativas do mercado. Já em serviços, apesar da queda em fevereiro, os analistas ainda veem perspectiva positiva. “O setor de serviços está voltando a ir bem com o avanço da vacinação, e as pessoas estão se sentindo estimuladas a consumir fora de casa”, diz Claudio Considera, pesquisador associado do FGV-IBRE.

PESO DOS JUROS.

Existe, porém, a avaliação entre os economistas de que essa melhora nos números poderá perder fôlego. “A partir do meio do ano, vemos uma contração maior da economia brasileira por causa do ciclo de alta dos juros”, diz o economista-chefe do C6 Bank, Felipe Salles. A instituição reviu de 0,5% para 1,5% o PIB deste ano, mas o de 2023 foi mantido em 0,5%. No caso do FMI, a projeção para o ano que vem foi reduzida de 1,6% para 1,4%.

A consultoria MB Associados também está em processo de revisão de seus números. A expectativa é de que o crescimento mude de zero para algo entre 0,5% e 1% no ano. Isso, no entanto, não quer dizer que as notícias devem ser tão positivas lá na frente.

O problema, diz o economistachefe da MB, Sérgio Vale, ficará para 2023. Isso porque parte do crescimento deste ano também está sendo motivada pelo “pacote de bondades” adotado pelo governo, de olho na campanha de reeleição do presidente Jair Bolsonaro, como a liberação do saque emergencial do FGTS, a liberação do Auxílio Brasil e o aumento dos salários do funcionalismo.

“Ter algum crescimento é algo para se comemorar, mas é muito aquém do que poderíamos”, diz ele. Pelos dados do FMI, o México deve crescer 2% neste ano, enquanto África do Sul e Índia devem avançar 1,9% e 8,2%, respectivamente. •

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2022-04-20T07:00:00.0000000Z

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