Administrar o próprio dinheiro exige atenção e escolhas estratégias para que se possa fugir de dívidas e contar com uma reserva de emergência em caso de necessidade

A faixa etária dos 20 anos costuma marcar uma fase em que muitas pessoas iniciam sua vida profissional e, consequentemente, passam a lidar com o próprio dinheiro. Recomendações como não gaste mais do que você tem ou cuidado com ofertas tentadoras de investimentos podem parecer óbvias, mas administrar um patrimônio – por menor que seja – vai exigir atenção, escolhas estratégicas e a consciência de que o planejamento financeiro deve começar desde cedo.

“Isso começa com um orçamento simples, onde você deve listar seus ganhos e controlar seus gastos”, diz Wanessa Guimarães, sócia da HCI Invest e planejadora financeira CFP pela Planejar.

Outra estratégia que ajuda, inclusive, a evitar que o jovem se afunde em dívidas é a reserva de emergência, segundo Paula Sauer, professora de Economia e coordenadora do laboratório de inteligência financeira da ESPM. “Caso a realidade permita, é importante criar o hábito de reservar, com constância, um porcentual do salário e dos rendimentos que cubram os gastos por pelo menos seis meses. Assim, de cabeça fria, serão feitas melhores escolhas, sabendo que existe uma segurança financeira”, afirma.

Uma vez formada essa reserva, o jovem vai conseguir estabelecer para quais fins o dinheiro será usado para além dos gastos básicos. Fazer uma viagem, um curso ou um intercâmbio, por exemplo, são planos que requerem planejamento e que podem ser encaixados.

Além disso, para desenvolver e alcançar uma vida financeira saudável, existem alguns pontos que devem ser evitados. A seguir, confira as recomendações dadas pelas especialistas:

NÃO GASTE MAIS DO QUE VOCÊ GANHA.

Segundo Wanessa Guimarães, da HCI Invest, essa é uma regra de ouro, pois permite não só evitar dívidas, como também começar a poupar e investir dinheiro.

O uso indevido do cartão de crédito é um exemplo de quando se gasta mais do que, de fato, se tem na conta bancária. Portanto, é fundamental ter cautela ao usá-lo. Se você não conseguir pagar o valor total da fatura, evite o uso desse tipo cartão, pois os juros são altos e podem gerar dívidas.

NÃO DEIXE PARA INVESTIR TARDE.

Nessa etapa da vida, é comum priorizar os gastos com consumos imediatos, em vez de acumular dinheiro pensando no longo prazo. “Muitos jovens não aproveitam o poder dos juros compostos, que potencializam o crescimento do seu dinheiro ao longo do tempo”, diz Wanessa.

Adote o hábito de investir o quanto antes, mesmo que seja com valores pequenos. Segundo a planejadora financeira, fundos de índice ou atrelados ao Tesouro Direto são boas opções para quem está começando. Já Paula Sauer acrescenta que aplicações automáticas podem ser interessantes para criar o hábito de investir. Monte uma carteira de curto, médio e longo prazo e invista logo que receber o dinheiro. Considere também o prazo de resgate das aplicações escolhidas: em caso de emergência financeira, será possível planejar a retirada de alguma quantia.

NÃO SE LIMITE A APENAS UM TIPO DE RENDA.

Não se limitar a apenas uma fonte de renda pode fazer a diferença em momentos de emergência. Os próprios investimentos são uma opção para isso, uma vez que o valor aplicado estará rendendo, e não ficará parado em uma conta bancária.

‘Regra de ouro’ A primeira orientação dos especialistas é: não gaste mais do que você ganha

PENSE DUASVEZES ANTES DE EMPRESTAR O SEU NOME.

Emprestar o nome para que outra pessoa faça um empréstimo ou financiamento é um ato comum, mas que pode ter consequências negativas. Ao fazer isso, existe o risco de que a pessoa não pague o valor completo da dívida e deixe “sujo” o nome que consta no contrato.

NÃO CONFIE NAS DICAS DE QUALQUER PESSOA.

Busque a orientação financeira de um profissional que possua o certificado de assessoria. Muitos influenciadores na internet fazem recomendações e produzem conteúdos sobre finanças, mas nem todos possuem conhecimento técnico e repassam informações confiáveis. Somente analistas CNPI são autorizados a fazer recomendações de investimento. Esses profissionais são credenciados e fiscalizados pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

CUIDADO COM AS RECOMPENSAS IMEDIATAS.

Um dos erros mais frequentes está relacionado a recompensas imediatas. Existe uma pressa para a realização de lucro em circunstâncias em que a disciplina e a paciência são fundamentais. “Em função disso, jovens caem em pegadinhas, fraudes e se envolvem com pirâmides financeiras e com as bets (apostas on-line), perdendo, assim, muito dinheiro”, afirma Paula.

Nos últimos meses, essas apostas se mostraram um problema grave entre os jovens, uma vez que elas podem se tornar um vício e levar ao endividamento. É fundamental entender quais são os riscos envolvidos tanto para a saúde financeira quanto para o próprio indivíduo. •