O Estado de S. Paulo

Saúde recua e volta a recomendar vacina para adolescentes

Liberação ocorre menos de uma semana após a pasta ter sugerido suspensão; SP reduz para 8 semanas intervalo de doses da Pfizer

João Ker /COLABOROU MARIANA HALLAL

O Ministério da Saúde informou que, após apurar riscos e benefícios da vacinação contra a covid de adolescentes sem comorbidades, suspendeu a recomendação para que esse público não fosse imunizado.

Menos de uma semana após ter recomendado a suspensão da imunização contra a covid-19 em adolescentes sem comorbidade, o Ministério da Saúde recuou da decisão ontem à noite. A pasta afirmou que a restrição foi imposta de “forma cautelar” e, após apuração de todos os riscos e benefícios, a medida está suspensa e a nova recomendação é para que esse público seja vacinado.

Na quinta-feira, a pasta tinha alegado que um dos motivos para suspender a vacinação nessa faixa etária seria o caso de uma adolescente de 16 anos, em São Bernardo do Campo, região metropolitana de São Paulo, que morreu uma semana após ser imunizada com a Pfizer. No dia seguinte, porém, um diagnóstico assinado por 70 especialistas concluiu que a jovem era portadora de doença autoimune, grave e rara, conhecida como púrpura trombótica trombocitopênica (PTT), e não havia nenhuma “relação causal” entre o óbito e a vacina. A análise recebeu o aval da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) na segunda, que classificou os dados como “consistentes e bem documentados”.

Mesmo com a recomendação do ministério, Estados e municípios continuaram imunizando adolescentes e ignorando a pasta, como mostrou o Estadão. Segundo o Ministério da Saúde, a pasta agiu com “prudência” ao suspender a imunização em adolescentes e, nos últimos dias, montou uma força-tarefa para estudar os efeitos adversos nesse público. A conclusão foi a mesma emitida em nota pela Anvisa na semana passada, de que os eventuais riscos não superam os benefícios da vacinação nesse público.

De acordo com o secretário executivo Rodrigo Cruz, não houve “precipitação” do Ministério da Saúde ao orientar a suspensão, uma vez que o óbito é considerado “efeito adverso grave” e a pasta preferiu agir com cautela. Ele ainda citou que a mesma medida foi tomada quando houve o óbito de uma gestante recém-imunizada com a Astrazeneca.

A pasta também recomendou que os Estados sigam acompanhando casos de adolescentes vacinados para a monitoração de possíveis efeitos adversos.

Pfizer. O Estado de São Paulo anunciou que vai reduzir o intervalo sugerido entre as doses da vacina da Pfizer, a partir de amanhã. A segunda dose desse imunizante poderá ser aplicada oito semanas após a primeira. No início do mês, o Ministério da Saúde havia anunciado a redução, mas não deu mais detalhes.

A informação foi dada pela coordenadora-geral do Programa Estadual de Imunizações (PEI), Regiane de Paula. “Quem já recebeu a primeira dose desse imunizante poderá receber a segunda dose quatro semanas antes do prazo inicialmente indicado na sua carteira de vacinação”, disse ela. Cerca de 2 milhões de doses serão enviadas aos 645 municípios para viabilizar a antecipação.

Segundo o Estado, 6,9 milhões de pessoas já imunizadas com a primeira dose serão beneficiadas com a redução do intervalo. A Secretaria de Estado da Saúde e a Companhia de Processamento de Dados do Estado de São Paulo (Prodesp) disseram estar reprogramando o disparo de mensagens de texto pelo celular e e-mail com informações sobre a medida.

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2021-09-23T07:00:00.0000000Z

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