Número de empresas que destinam lixo de forma correta dobra
Em parte dos setores, renovação e pedido de licença ambiental estão condicionados à apresentação de plano de logística reversa
Ítalo Cosme ESPECIAL PARA O ESTADÃO
A destinação correta de resíduos é realidade para 4,3 mil empresas no Estado de SP. O número mais do que dobrou desde 2018 e a tendência é de alta, uma vez que renovação ou pedido de licença ambiental exige plano de logística reversa.
A destinação correta de resíduos é realidade para 4,3 mil empresas no Estado de São Paulo. O número é mais que o dobro do registrado em 2018, quando chegava próximo de 2 mil organizações. A quantidade de empresas inseridas nessa estratégia tende a crescer, uma vez que a renovação ou pedido de licença ambiental está condicionado à apresentação de um plano de logística reversa. Ou seja, a adoção de um conjunto de ações cujo objetivo é coletar e reaproveitar resíduos sólidos após o consumo e descarte do cliente.
Só neste ano 745 empresas foram notificadas para a necessidade do planejamento. Até julho, aproximadamente 500 já tinham entregue os documentos exigidos. No total, existem 34,5 mil empresas com licenças de operação ativas em todo o Estado.
Segundo a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), nem todos os negócios licenciados estão obrigados a comprovar o plano, “por não estarem envolvidos na fabricação e comercialização de produtos e embalagens sujeitos à logística reversa ou por não serem enquadrados nas linhas de corte.” Entre os setores que demandam o programa de logística reserva estão os alimentícios, de agrotóxicos e de eletroeletrônicos.
Patrícia Iglecias, diretorapresidente da Cetesb, entende como ponto positivo o fortalecimento da cadeia de reciclagem, com aporte privado em cooperativas de catadores. Elevando assim a capacidade de coleta e triagem dessas cooperativas, bem como a profissionalização das entidades.
Um desafio da Cetesb é mensurar o impacto da destinação correta desses resíduos. A expectativa é de que em 2022 o SIGOR, sistema informatizado da entidade, compile e apresente o impacto da estratégia com relatórios com a estruturação do plano de logística reversa, dados do quanto foi coletado, reciclado, a destinação dada e o nome da empresa que recebeu o material.
Além de São Paulo, apenas outros dois Estados condicionam a licença à estratégia de logística reversa: Mato Grosso do Sul, para o setor de embalagens; e Paraná, na mesma sistemática paulista. As iniciativas buscam cumprir a Lei 12.305/10, da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS).
Com trabalho focado no pósuso das embalagens, como as dos segmentos de bebidas, alimentos, produtos de higiene e limpeza, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) reúne 1,8 mil empresas submetidas ao plano da Cetesb. Em 2018, eram 138.
Há três anos, pouco mais de 9 mil toneladas foram recolhidas e destinadas corretamente. Em 2019, chegou a 73 mil toneladas. No ano seguinte, afetado pela pandemia, 70 mil. Em 2021, até agosto, foram 89 mil toneladas. A expectativa é de ultrapassar a marca de 100 mil toneladas até dezembro.
Gerente do Departamento de Desenvolvimento Sustentável da Fiesp, Anicia Pio reforça que 22% do que é produzido volta à cadeia produtiva. A gestora comemora os resultados já alcançados e prevê o lançamento do Instituto Rever em outubro.
A nova organização atuará com outros Estados na implementação da logística reversa em micro e pequenas empresas. Já firmaram acordo Rio Grande do Sul e Amazonas. A expectativa é de fechar parceria com Mato Grosso ainda. Em negociação estão Bahia, Minas Gerais e Santa Catarina.
Por outro lado, ela lança a discussão para que a logística reversa também alcance as embalagens de produtos importados. “Há desequilíbrio industrial e econômico. A indústria nacional tem custo adicional para dar a disposição correta das embalagens e produtos, enquanto o material importado não tem nenhum ônus a mais com suas embalagens e produtos”, pontua.
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