O Estado de S. Paulo

Temor de pressão para cortar preços derruba Petrobras

•AMÉLIA ALVES/SÃO PAULO e DENISE LUNA/RIO

Já abaladas pelo efeito Trump, as ações da Petrobras aprofundaram a desvalorização na Bolsa de Valores brasileira, a B3, ontem, depois da divulgação da informação de que o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, procurou a estatal para pedir a redução no preço dos combustíveis. A informação foi divulgada pela CNN Brasil.

No fim do dia, as ações ordinárias (ON) da Petrobras fecharam com queda de 5,57%; enquanto as preferenciais (PN) recuaram 3,97%, levando a estatal a perder R$ 23 bilhões em valor de mercado. Na Bolsa de Valores de Nova York (Nyse), o ADR referente à ação ON recuava cerca de 8,61%.

O Estadão/Broadcast apurou que Silveira apresentou à Petrobras argumentos que na avaliação do governo justificariam a redução de preços dos combustíveis. Entre eles, é mencionada a perspectiva do aumento da produção de petróleo pelos países membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados, grupo conhecido como Opep+.

Na semana passada, o grupo anunciou que em maio a produção seria elevada em 411 mil barris por dia (bpd), mencionando “fundamentos saudáveis” e uma “perspectiva positiva” do mercado. O petróleo está em queda no mercado internacional, também puxado pelo temor de uma recessão causada pelo tarifaço de Trump e consequentes retaliações de outros países.

Segundo interlocutores, Silveira baseou sua argumentação à Petrobras no cenário externo, reforçando o respeito à governança da companhia. Ainda segundo interlocutores, não foi apresentado um dado quantitativo de qual seria o corte de preços considerada ideal pelo governo.

Procurados, o Ministério de Minas e Energia, Silveira e a Petrobras não comentaram a informação.

Com a queda nos preços do petróleo lá fora, o valor dos combustíveis nas refinarias brasileiras está acima dos preços internacionais, o que pode levar a Petrobras a cortar principalmente o preço da gasolina, há 272 dias sem alteração. Uma eventual queda, porém, esbarra na alta do dólar, que se aproxima novamente dos R$ 6, por temores de uma recessão mundial.

ECONOMIA & NEGÓCIOS

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2025-04-08T07:00:00.0000000Z

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