O Estado de S. Paulo

Naufrágio no Pará deixa pelo menos 13 mortos; lancha seria irregular

Embarcação de transporte de passageiros naufragou na região da Ilha de Cotijuba. Ontem, havia desaparecidos.

DANIELLE FERREIRA COLABOROU JOÃO KER

O governo do Pará confirmou a morte de ao menos 13 pessoas em um naufrágio ontem próximo da Ilha de Cotijuba. A embarcação estava irregular e transportava 82 pessoas, das quais 63 sobreviveram. Outras seis permaneciam desaparecidas até as 20 horas.

De acordo com órgãos oficiais, a lancha não tinha permissão para transportar passageiros e partiu de um porto clandestino na localidade de Camará, na Ilha de Marajó. As vítimas foram levadas para o Instituto Médico-Legal (IML), em Belém.

Dezenas de barcos, mergulhadores e helicópteros procuraram por desaparecidos ao longo do dia. As buscas foram suspensas à noite e serão retomadas na manhã desta sextafeira. A embarcação continua submersa no rio e há suspeitas que mais vítimas estejam presas à estrutura.

Uma escola municipal localizada no distrito de Cotijuba, perto da região onde houve o naufrágio, em Belém, foi adaptada para receber os sobreviventes resgatados. Um plantão multiprofissional atende as vítimas. “Estamos dando atenção principalmente às crianças que ficaram órfãs”, disse o prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues.

DESESPERO. São muitos os depoimentos de desespero dos passageiros da lancha Dona Lourdes 2, como o do homem que se identificou como seu Ivanildo, que embarcou na cidade de Cachoeira do Arari com a mulher, cinco filhos e a sogra. Duas filhas estão desaparecidas e a sogra morreu. “Foi tudo muito rápido, o motor parou e a maresia entrou”, relata.

À DERIVA. Isabel Cristina viajava na parte traseira da embarcação e foi arremessada no rio pela força da água. “Éramos pelo menos 12 pessoas à deriva. Começamos a bater o pé para tentar chegar na beira antes de a maré levar a gente”, conta. Muitos familiares se deslocaram de barco, de regiões ribeirinhas, em busca de informações sobre os sobreviventes.

A embarcação fazia o trajeto entre a localidade de Camará, na cidade de Cachoeira do Arari, no arquipélago de Marajó, para Belém. O naufrágio ocorreu próximo da Ilha de Cotijuba, por volta de 9h30. A lancha Dona Lourdes 2 é da empresa M. Souza Navegação, que já havia sido notificada pela Arcon por operar sem autorização.

O dono a embarcação foi resgatado com vida, mas se encontra foragido. A causa do naufrágio não foi informada pelas autoridades. Nas redes sociais, o governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), candidato à reeleição, lamentou às mortes. “Nós estamos todos mobilizados desde as primeiras horas para resgatar as pessoas que ainda não foram encontradas”, afirmou.

Segundo ele, o proprietário da embarcação já havia sido notificado de irregularidades outras três vezes. “Ele pegou uma terceira embarcação com essa ambição desmedida por continuar mesmo clandestinamente trabalhando. E aconteceu essa tragédia”, afirmou. •

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2022-09-09T07:00:00.0000000Z

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