O Estado de S. Paulo

Brasil busca mais fertilizante no Canadá e planeja produzir alga

Importações tendem a crescer 10%, ou 400 mil toneladas, com contratos diretos entre empresas; a ministra Tereza Cristina se compromete a reduzir a burocracia alfandegária

ANDRÉ BORGES

O Brasil negocia compra adicional de 400 mil toneladas por ano de fertilizantes do Canadá para tentar evitar desabastecimento em razão da guerra. O volume é 10% superior à importação já feita daquele país. Em paralelo, o governo quer produzir alga exótica no Nordeste para substituir insumo e gerar fertilizante.

As negociações para ampliar a importação de fertilizantes do Canadá devem resultar na entrada de aproximadamente 400 mil toneladas do insumo. O volume é 10% superior ao que os canadenses já exportam para o Brasil, algo em torno de 4 milhões de toneladas por ano. O Estadão apurou que foi essa a projeção apresentada à ministra da Agricultura, Tereza Cristina, em viagem ao Canadá, nesta semana. A Rússia é o maior vendedor de fertilizantes para o Brasil, que no contexto da guerra no Leste Europeu busca alternativas para evitar o eventual desabastecimento desse insumo fundamental para a produção agrícola.

As tratativas com o Canadá não envolvem acordos comerciais entre os países, e sim contratos diretos entre empresas. Do lado do governo, coube à ministra, além da sinalização política e diplomática, a garantia de que reduzirá ao máximo a burocracia alfandegária nos portos, acelerando a entrada dos navios canadenses, com prioridade nas filas de entrega.

As empresas canadenses Mosaic e Nutrien, que já atuam no Brasil, controlam praticamente 85% da produção de fertilizantes naquele país. Juntas, são donas da empresa Canpotex, que faz toda a parte de negociação e logística dos insumos, desde a saída das minas até seu embarque em navios e entrega em outros países, como o Brasil. Tereza Cristina se encontrou com os executivos dessas empresas, no Canadá.

Do lado das empresas, há interesse em ampliar as exportações, mas as companhias também pedem um acordo de médio e longo prazo, porque a ampliação de produção implica investimentos pesados para mineração e transporte. Na prática, querem a garantia de que terão demanda, mesmo que a situação internacional com a Rússia se resolva mais rapidamente.

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2022-03-18T07:00:00.0000000Z

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