Alimentos pesam e inflação dos mais pobres chega a 5,14% em São Paulo
Custo da alimentação sobe mais de 8% para consumidores das classes D e E, quase um ponto acima do estrato de maior renda
MÁRCIA DE CHIARA
Os brasileiros de menor renda estão pagando a maior parte da conta da disparada da inflação de alimentos. O custo de vida das famílias das classes E e D, com renda de até três salários mínimos (R$ 4.554), subiu 5,14% no ano passado na Região Metropolitana de São Paulo, superando a média da inflação dos paulistanos como um todo no período, que foi de 4,97%. Os dados são da Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomercio-SP).
Já no caso das famílias de maior renda, das classes C, B e A, a alta do custo de vida foi um pouco menor no mesmo período e avançou 4,94%, 4,87% e 4,70%, respectivamente, em 2024.
Os cálculos foram feitos pela entidade a partir dos dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a medida oficial de inflação, para a Região Metropolitana São Paulo. As informações, apuradas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foram reponderadas para os diferentes estratos sociais da população que vive na região, explicou o economista da entidade Guilherme Dietze.
A diferença entre a inflação geral dos paulistanos mais pobres e a dos paulistanos com maior renda foi de quase 0,5 ponto porcentual ao longo de 2024, e o principal motivo foi a dispara de preços do grupo alimentação. Na classe E, por exemplo, que é a base da pirâmide social, os gastos com alimentação comprometem cerca de 30% do orçamento domiciliar.
CARNES. “A alta de preços dos alimentos foi a grande vilã que levou a grandes diferenças do custo de vida entre as classes sociais”, afirma Dietze. Para as classes E e D, o custo da alimentação subiu 8,24% e 8,19%, respectivamente, no ano passado. É quase um ponto porcentual acima do desembolso feito pelas classes de maior renda (7,26%, para consumidores da classe A, e 7,4% da classe B).
Ele lembra que os preços dos alimentos foram afetados no início do ano passado pelo efeito do fenômeno climático El Niño. Depois, houve uma certa estabilização. Mas, no fim de 2024, a situação piorou em razão da disparada de preço das carnes – que respondem pela maior fatia das despesas com alimentação, com participação de 2,8% no índice geral. Por estrato social, elas pesam 4,7%, para a classe E, e 5% para a classe D, enquanto respondem por 1,2% do custo de vida das famílias de maior renda, da classe A, que ganham mais de dez salários mínimos, aponta o estudo.
Só em dezembro, as carnes ficaram 7,03% mais caras, estimuladas pelas festas de fim de ano. Somada a outras altas, como do óleo de soja (6,3%) e do leite em pó (2,1%), o grupo alimentos e bebidas subiu 1,81% só no último mês de 2024.
Além da alimentação, o gasto com transportes também afetou o orçamento dos mais pobres. O grupo encerrou o ano passado com alta de 4,91% na Região Metropolitana de São Paulo. Em dezembro, o aumento no custo dos transportes para a classe E foi três vezes maior do que para a classe A – de 1,16%, ante 0,40%. Considerando todo o ano de 2024, a alta dos gastos com transportes atingiu 5,53%, para a classe E, e 4,12% para consumidores de maior renda. É uma diferença de quase 1,5 ponto porcentual, mostra o estudo da Fecomercio. •
ECONOMIA & NEGÓCIOS
pt-br
2025-02-04T08:00:00.0000000Z
2025-02-04T08:00:00.0000000Z
https://digital.estadao.com.br/article/281925958709610
O Estado