Velhos ideais se inflamam na Irlanda do Norte
O Brexit ressuscitou temas sensíveis relativos às identidades católica e protestante
MARK LANDLER
Lembrança ‘Sunday Bloody Sunday’ é uma canção da banda irlandesa U2, lançada em março de 1983, sobre o Domingo Sangrento em Derry
Poucas cidades têm sido tão apanhadas entre a esperança e a história quanto Derry, local de nascimento do conflito moderno na Irlanda do Norte, mas também cenário da Derry Girls, a exuberante série da TV britânica que narra as vidas de cinco adolescentes durante o fim do sangrento período do fim dos anos 90 conhecido comumente como The Troubles.
Mas agora, após quase 25 anos de paz, os moradores de Derry se preocupam com a possibilidade de ganhos conquistados a duras penas estarem em perigo. O Brexit perturbou o frágil equilíbrio político e econômico da Irlanda do Norte, enquanto o governo britânico parece determinado em manter com firmeza os Troubles e seu legado de violência sectária no passado.
Dois sombrios rituais ocorridos na semana passada – com um dia de diferença e em lados opostos do Rio Foyle, que divide a segunda maior cidade da Irlanda do Norte – serviram para ilustrar tanto o angustiante passado de Derry quando seu conturbado futuro.
ASSASSINATOS.
Dentro dos muros de pedra da cidade, erguidos no século 17, Amanda Fullerton juntou-se às famílias de vítimas que acusam o governo britânico de encerrar investigações sobre assassinatos ocorridos durante a guerra de guerrilha entre nacionalistas católicos e unionistas protestantes. O pai dela, Eddie Fullerton, foi morto a tiros por membros de um grupo paramilitar legalista (protestante) em 1991.
No dia seguinte, uma banda legalista de flauta e tambor marchou no bairro protestante de Waterside, para marcar os 31 anos do assassinato de Cecil Mcknight, um ex-comandante paramilitar. O Exército Republicano Irlandês, ou IRA, afirmou que escolheu Mcknight para vingar a morte de Fullerton.
O Brexit inflamou pai
A FUNDO
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2022-07-11T07:00:00.0000000Z
2022-07-11T07:00:00.0000000Z
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O Estado
