O Estado de S. Paulo

Espanha investiga apagão; cidades celebram volta da luz

O governo e o Judiciário da Espanha anunciaram ontem uma investigação para determinar as causas do apagão que afetou a Península Ibérica na segunda-feira. Até ontem, as operadoras da rede elétrica de Espanha e Portugal afastavam ataques cibernéticos, mas não apresentaram nenhuma outra hipótese.

Na terceira entrevista coletiva em menos de 24 horas, o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, culpou os operadores de energia – formados por empresas privadas – e anunciou a criação de uma comissão liderada pelo Ministério da Transição Ecológica para apurar as causas do apagão. “Serão tomadas as medidas necessárias para que isso nunca mais aconteça”, disse.

Em paralelo, a Audiência Nacional, jurisdição de Madri que trata de casos complexos, abriu uma investigação para apurar se houve “sabotagem informática”, o que poderia constituir um “crime de terrorismo”.

Horas antes, a operadora da rede elétrica da Espanha havia descartado a possibilidade de um ataque cibernético como causa do apagão. O governo de Portugal também disse não haver indícios de uma ação dessa natureza.

RETORNO. As redes elétricas dos dois países estavam totalmente operacionais ontem, segundo as autoridades. Nas cidades espanholas, o retorno da energia foi acompanhado por gritos de alegria após um longo dia sem luz e, em muitos casos, sem internet ou celulares.

O retorno da eletricidade permitiu a retomada do tráfego ferroviário em várias rotas, incluindo as movimentadas rotas Madri-Barcelona e MadriSevilha, segundo a empresa ferroviária Renfe. No entanto, os problemas continuaram em algumas linhas, que voltaram a funcionar parcialmente.

O apagão não tem precedentes na Europa. Na Espanha e em Portugal, voos foram cancelados, os sistemas de metrô pararam de funcionar, comunicações foram cortadas e caixas eletrônicos foram fechados. A estimativa é de que 6,4 milhões de pessoas ficaram sem luz.

O diretor de serviços de operação do sistema de energia elétrica da Espanha, Eduardo Pietro, afirmou que “dois eventos de desconexão” abruptos e consecutivos foram observados antes de a energia cair. Ontem, ele afirmou que é necessário mais tempo para entender por que isso ocorreu.

A agência meteorológica da Espanha, Aemet, não detectou nenhum “fenômeno meteorológico ou atmosférico incomum”, tese que se espalhou entre os europeus, em uma declaração atribuída à operadora portuguesa REN, que a negou.

Sem precedentes Segundo estimativas, 6,4 milhões de pessoas ficaram sem energia em Portugal e Espanha

Uma outra hipótese que se espalhou é a de que a queda seria atribuída à falta de energia nuclear – há dois meses, o governo espanhol fechou dois dos sete reatores nucleares em funcionamento no processo de transição energética e foi criticado pela extrema direita. •

INTERNACIONAL

pt-br

2025-04-30T07:00:00.0000000Z

2025-04-30T07:00:00.0000000Z

https://digital.estadao.com.br/article/281908779013630

O Estado