Inflação já ameaça estourar meta nos 5 primeiros meses de 2025
Nas projeções do mercado, inflação anual dentro do limite de 4,5% será exceção até junho; projeção considera nova regra de meta contínua acumulada em 12 meses
CÍCERO COTRIM
Mercado prevê que inflação fique pouco abaixo do limite de 4,5% só em junho do próximo ano. Expectativa é de elevação da taxa Selic em até 12,50% em março, mas alguns analistas apostam em 13%.
As projeções do mercado indicam que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulado em 12 meses pode superar o teto da meta de inflação, de 4,5%, ao longo de todo o primeiro semestre de 2025. Com isso, o Banco Central (BC) terá falhado na missão de cumprir o alvo já nos seis primeiros meses de vigência da nova meta contínua de inflação, aprovada este ano pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
O IPCA de dezembro só será divulgado pelo IBGE em 10 de janeiro, quando Gabriel Galípolo já será o novo presidente do BC. Com isso, é provável que ele terá de escrever duas cartas abertas explicando as razões do descumprimento da meta antes de completar um ano à frente da autarquia.
Em vez do sistema vigente até o fim deste ano, que considera o ano-calendário, a nova meta contínua de inflação leva em conta o IPCA acumulado em 12 meses. Se ele ficar acima ou abaixo do intervalo de tolerância, de 1,5% a 4,5%, por seis meses seguidos, considera-se que o BC perdeu o alvo.
Segundo as medianas do Sistema Expectativas de Mercado do BC, o IPCA acumulado em
IPCA em 12 meses até janeiro deve atingir 4,66%, segundo o Sistema de Expectativas do Mercado
12 meses até janeiro deve atingir 4,66%. Ele deve oscilar para pouco abaixo do teto em fevereiro, com 4,43%, e acelerar novamente em março (4,63%) e abril (4,64%). Em maio (4,44%) e junho (4,46%), a taxa prevista permanece apenas um pouco abaixo do limite superior. Mas as estimativas têm subido nas últimas semanas.
O economista da Terra Investimentos Homero Guizzo espera que o IPCA suba 4,6% no acumulado de 2024, acima do teto do alvo, e só caia consistentemente abaixo de 4,5% no fim do ano que vem. “O novo regime vai começar em descumprimento, e vai demorar um pouco para sairmos desse quadro.”
Ele diz que o quadro de “superaquecimento” da economia brasileira tende a aumentar o repasse da desvalorização cambial para os preços. Isso vai impedir que os bens industrializados sejam uma fonte de alívio para a inflação, segundo Guizzo. Em contrapartida, os preços administrados e os de alimentos podem dar algum alívio ao IPCA, embora esse não seja o cenário básico.
A estrategista de inflação da Warren Investimentos, Andrea Angelo, estima que a inflação acumulada em 12 meses deve se manter acima de 4,7% até abril de 2025. Pressões sazonais do primeiro trimestre, como reajustes de mensalidades escolares e pagamento do IPVA, devem pressionar a taxa. Mas, entre maio e julho, ela espera uma queda do IPCA abaixo de 4,5%. Isso evitaria o estouro da meta.
“A inflação vai voltar para 4,7% em agosto e ficar assim praticamente até o fim do ano.” A Warren estima um IPCA de 4,7% em 2024 e 4,5% em 2025, com viés de alta. •
O ESTADO DE S. PAULO
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2024-11-18T08:00:00.0000000Z
2024-11-18T08:00:00.0000000Z
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