O Estado de S. Paulo

Canaviais de São Paulo impulsionam pulverização com o uso de inteligência artificial

Usinas sucroalcooleiras e produtores de cana aumentam procura por serviços que ajudam a detectar falhas de plantio e a reduzir custos na aplicação de herbicidas

IGOR SAVENHAGO AGRO ESTADÃO RIBEIRÃO PRETO

Empresas que oferecem tecnologias para pulverização com o uso de inteligência artificial estão ampliando sua participação no mercado agrícola graças à elevação da demanda pelo segmento sucroenergético paulista. Com a maior adesão de usinas e produtores, o Estado – que respondeu pelo maior porcentual de cana colhida no Brasil na safra 2023/24, de 52% – representa o principal foco de atuação para algumas marcas e abre oportunidades de novos negócios para outras.

Uma delas é a Fotodrones, fundada há três anos em Guaraci (SP). Com uma frota de sete drones – sendo quatro para pulverização e três para mapeamento de áreas –, a empresa tem inteligência artificial embarcada em um dos equipamentos. É um sistema de mapeamento com câmera multiespectral, que identifica, por meio de sensores, condições que não estão ao alcance dos olhos humanos. A aplicação de diferentes tipos de cores sobre as imagens colhidas possibilita localizar, por exemplo, falhas de plantio e se plantas que crescem em meio à lavoura são daninhas ou não – o que evita a aplicação de produtos em locais não afetados e reduz custos aos agricultores.

Durante a safra 2023/24, os drones da empresa sobrevoaram cerca de 10 mil hectares. Para a atual temporada, que termina oficialmente em março, a expectativa é fechar com o dobro dessa área.

Gledson Reis, um dos sócios da Fotodrones, conta que a escolha de Guaraci (cidade no norte do Estado) como sede levou em conta, justamente, a quantidade de usinas no entorno. No entanto, foi só a partir de 2022, com a maior aceitação do uso de drones para pulverização, que a procura pelos serviços teve um crescimento expressivo. “E em 2024, por causa da forte entrada das usinas, estourou”, diz ele.

IMAGENS. A Cromai, criada em 2017 na capital paulista, também trabalha em ritmo acelerado. A empresa nasceu para disponibilizar um serviço de análises de plantações com inteligência artificial e visão computacional.

“O setor sucroenergético possui um grande potencial de crescimento, com a adoção constante de novas tecnologias”

Henrique Del Papa

Cofundador da Cromai, que tem um serviço de análises de plantações

Henrique Del Papa, cofundador, explica que a tecnologia permite identificar padrões, fornecer diagnósticos precisos sobre a presença de plantas daninhas em uma lavoura e classificar a qual grupo pertence a espécie, o que auxilia os agricultores a tomar decisões mais acertadas.

Desde a fundação, a empresa cresceu, em média, três vezes ao ano, atingindo um faturamento anual de R$ 15 milhões. São Paulo, o principal mercado, responde por 40% do volume de negócios, com destaque para a cana-de-açúcar.

“O setor sucroenergético possui um grande potencial de crescimento, com a adoção constante de novas tecnologias, além do fato de atuarmos diretamente em economia financeira e sustentabilidade ambiental para nossos clientes. Em São Paulo, não é diferente, pois os maiores grupos estão ou possuem sua sede no Estado”, afirma Del Papa.

Outra que promete entregar economia é a gaúcha Savefarm, sediada em Porto Alegre (RS). No mercado há cinco anos, a empresa fabrica sensores com inteligência artificial que, acoplados à barra de pulverização, com distância de um metro um do outro, são capazes de identificar em tempo real os pontos da lavoura com plantas daninhas e aplicar herbicidas apenas nesses locais.

A empresa começou atendendo a propriedades no Rio Grande do Sul e, depois, se expandiu para o Centro-Oeste do Brasil e para a região do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), com foco em grãos. Há dois anos, chegou ao Estado de São Paulo, atraída pela força do setor canavieiro. A presença no mercado paulista foi garantida por parcerias, sendo a principal delas com a Coopercitrus, cooperativa agrícola com sede em Bebedouro (SP).

“É um Estado que tem grande potencial para o uso da nossa ferramenta seletiva, tanto no cultivo de grãos, como soja e milho, quanto nas áreas de cana, que é um dos cultivos principais”, afirma Artur Fiegenbaum, diretor de aplicações da Savefarm.

O equipamento, segundo ele, é capaz de analisar 3,3 milhões de imagens por hora. Conforme a empresa, dados levantados a partir do uso dos sensores em 150 máquinas em 2023 revelaram economia total de 1 milhão de litros de defensivos, 91 milhões de litros de água e redução de até 7,5% no consumo de óleo diesel. •

ECONOMIA & NEGÓCIOS

pt-br

2025-01-06T08:00:00.0000000Z

2025-01-06T08:00:00.0000000Z

https://digital.estadao.com.br/article/281857239172308

O Estado