Revés em votação impõe desafio extra a novo chanceler alemão
O conservador Friedrich Merz foi oficializado ontem pelo Parlamento chanceler alemão, após um tropeço inédito que pode complicar seu esforço para reanimar a economia, reforçar suas fronteiras e reconstruir suas forças armadas, no momento em que a Europa precisa da força da Alemanha.
Após dez semanas da vitória de seu partido nas eleições de fevereiro, Merz perdeu por seis votos a primeira votação parlamentar para confirmá-lo no cargo. O revés não tem precedentes na história moderna da Alemanha. Os partidos da nova coligação tinham cadeiras mais do que suficientes para elegê-lo. Mas alguns legisladores optaram por votos de protesto individuais, causando o constrangimento, possivelmente por acidente – como a votação é secreta, não há como identificar os insatisfeitos. Merz venceu uma segunda votação horas depois.
Ainda assim, partidos rivais e analistas alertaram que a credibilidade de Merz ficou prejudicada, interna e externamente, e seus oponentes, tanto na esquerda radical quanto na ultradireita da Alemanha, afirmaram que ele havia perdido legitimidade.
Observadores políticos disseram que o revés, ainda que superado, pode dificultar mais do que o esperado o projeto do novo chanceler, que busca demonstrar força no cenário mundial e aprovar leis cruciais para impulsionar sua agenda. Merz esperava um voto claro de confiança no Parlamento, enquanto confronta as ameaças tarifárias do presidente americano, Donald Trump, que teriam impacto significativo na economia alemã, fortemente exportadora.
Cálculo errado Parlamentares dissidentes não esperavam que seus votos pudessem inviabilizar eleição de Merz
Os aliados do chanceler especularam que os rebeldes não esperavam que seus votos fossem fazer diferença e inviabilizar a candidatura de Merz. Os protestos praticamente desapareceram na segunda votação.
Após conquistar a chancelaria, Merz agora herda uma série de desafios. A economia alemã encolheu no ano passado e as perspectivas de novo crescimento parecem distantes, especialmente com as ameaças das medidas tarifárias de Trump.
O novo chanceler também precisará agir de forma decisiva para abordar as preocupações dos alemães com relação ao fluxo de imigração – preocupações que foram inflamadas por uma série de ataques mortais cometidos por imigrantes. •
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