O Estado de S. Paulo

Em ato, Bolsonaro chama Lula de ‘canalha’

Presidente ataca petista e volta a colocar em dúvida sistema eleitoral; bolsonaristas vão às ruas em defesa do governo

/ LORENNA RODRIGUES, LAURIBERTO POMPEU, PAULA REVERBEL, ALINE RESKALLA, ANGELO SFAIR, JOSÉ MARIA TOMAZELA, PEDRO JORDÃO e TAILANE MUNIZ.

Ao discursar em Brasília, ontem, Jair Bolsonaro xingou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de “canalha”, insinuou haver conluio com o Supremo Tribunal Federal para eleger o petista, e voltou a levantar dúvidas sobre o sistema eleitoral brasileiro, defendendo a adoção do voto impresso. As afirmações foram feitas durante um protesto realizado por apoiadores do setor do agronegócio. Bolsonaro e a maioria dos manifestantes não usaram máscara para evitar a disseminação do coronavírus – no ato, o presidente voltou a criticar medidas de distanciamento social.

Bolsonaro chegou de helicóptero à Esplanada dos Ministérios, e seguiu montado a cavalo para o carro de som, onde discursou. Ele estava acompanhado dos ministros Tarcísio Gomes Freitas (Infraestrutura), Gilson Machado (Turismo), Tereza Cristina (Agricultura e Pecuária), Walter Braga Netto (Defesa), Anderson Torres (Justiça e Segurança Pública) e Ricardo Salles (Meio Ambiente).

“Queremos eleições em 2022 onde o voto possa ser auditado. Se tiraram da cadeia o maior canalha da história do Brasil, se para esse canalha foi dado o direito de concorrer, o que me parece é que se não tivermos o voto auditável, esse canalha, pela fraude, ganha as eleições do ano que vem. Não podemos admitir um sistema eleitoral que é passível de fraude”, afirmou.

Esta é a terceira vez que Bolsonaro cita Lula em discurso nesta semana. Na quarta-feira, pesquisa do instituto Datafolha sobre a eleição presidencial de 2022 apontou que Lula tem 55% das intenções de votos, ante 32% de Bolsonaro, no segundo turno.

Covid. Em seu discurso, o presidente disse ainda que o Brasil poderá ter “infinitas ondas” de contaminações por coronavírus e criticou governadores pela adoção de medidas de isolamento social – defendidas por infectologistas para evitar a disseminação do vírus. A crítica às medidas restritivas decretadas por autoridades locais era uma das bandeiras dos atos de ontem, Dia Internacional da Família.

“Já se fala em terceira onda, se vier a terceira onda, temos a quarta, quinta, sexta, infinitas ondas”, afirmou o presidente. “Lamentamos as mortes por covid, bem como as demais mortes no Brasil, mas devemos enfrentar o problema. Não é ficando embaixo da cama ou em casa que vamos solucionar esse problema. Tem uma passagem bíblica que diz: ‘se você for frouxo na hora da angústia, tua força é pequena’”, acrescentou.

O governo do Distrito Federal não informou a quantidade de manifestantes. Em outras cidades, grupos conservadores realizaram um ato chamado Marcha da Família Cristã com Deus e Pela Liberdade, também em apoio ao atual presidente, mas com baixa adesão. Foras registradas manifestações em São Paulo, Curitiba, Belo Horizonte, Salvador, Recife e Sorocaba. O maior deles reuniu cerca de 200 pessoas na Avenida Paulista.

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2021-05-16T07:00:00.0000000Z

2021-05-16T07:00:00.0000000Z

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