A Polícia Federal investiga um esquema de garimpo ilegal que movimentou mais de R$ 250 milhões retirando cassiterita da Terra Indígena Yanomami, em Roraima. O minério, conhecido como ouro negro, pelo alto valor, teria sido exportado com o uso de notas frias. Ontem, a PF realizou a Operação Disco de Ouro, tendo como um dos alvos o cantor Alexandre Pires e seu empresário artístico, Matheus Possebon.

Segundo a PF, o cantor é suspeito de ter recebido pelo menos R$ 1 milhão de uma mineradora envolvida no esquema. Ele foi ouvido e liberado, mas o empresário foi preso. Os dois foram abordados em Santos, no litoral paulista, quando saíam de um navio de cruzeiro, onde o cantor havia se apresentado. A empresa de entretenimento que cuida da carreira de Pires e da qual Possebon é executivo disse que confia na idoneidade deles. A defesa de Pires também se posicionou declarando que o cantor “não tem e nunca teve qualquer envolvimento com garimpo ou extração de minério”.

Outras pessoas são investigadas e não tiveram os nomes divulgados. A PF cumpriu mandados em cinco Estados: Roraima, São Paulo, Pará, Minas e Santa Catarina. A Justiça determinou o sequestro de R$ 130 milhões dos investigados.

A cassiterita é a matéria-prima do estanho, metal muito valorizado por causa da aplicação na fabricação de smartphones, tablets e telas de celulares. No mercado internacional, a tonelada superou os US$ 40 mil – cerca de R$ 200 mil -, o que atraiu a atenção dos garimpeiros, sobretudo ilegais, já que as maiores reservas estão em terras indígenas.

DEFESA. A Opus Entretenimento, empresa que faz a gestão da carreira de Pires, disse confiar na idoneidade do cantor e no “completo esclarecimento” do caso. Informou desconhecer “qualquer atividade ilegal supostamente relacionada a colaboradores e parceiros da empresa”. Em nota divulgada ontem, o advogado criminalista Luiz Flávio Borges D’Urso, que representa Pires, disse que ele “não tem e nunca teve qualquer envolvimento com

A cassiterita é utilizada na produção de estanho, metal aplicado na fabricação de smartphones

garimpo ou extração de minério, muito menos em área indígena”. “Alexandre Pires foi tomado de surpresa diante da recente operação da Polícia Federal que indevidamente envolveu seu nome”, diz a nota. •