São Paulo registra aumento de surtos de escarlatina
Foram notificados oficialmente 31 surtos da doença infecciosa – três em novembro –, enquanto houve cinco em 2021 e 2022
De janeiro a outubro, em todo o Estado de São Paulo, foram notificados 31 surtos de escarlatina – três em novembro –, conforme dados da Secretaria da Saúde paulista. Segundo a pasta, o número é muito maior do que o registrado em anos anteriores. Em todo o ano passado, por exemplo, houve quatro surtos da doença. Em 2021, o único surto de escarlatina ocorreu em maio.
Segundo o Centro de Vigilância Epidemiológica “Prof. Alexandre Vranjac” (CVE), que coordena as ações de vigilância epidemiológica no Estado de São Paulo, a definição de surto diz respeito à ocorrência de dois ou mais casos que atendam à definição de caso suspeito em determinado espaço geográfico e relacionados no tempo. Só surtos são notificados.
Para a infectologista Rosana Richtmann, do Hospital e Maternidade Santa Joana (SP), essa escalada na incidência não é exclusividade do Brasil. “Trata-se de uma situação observada no mundo inteiro. A Organização Mundial da Saúde já fez um alerta sobre a doença”, afirma. “É fundamental ter isso em mente para não ignorar possíveis sintomas e, assim, perpetuar os surtos, já que a doença é transmissível.”
A infectologista aponta três possíveis motivos para esse cenário – que podem atuar juntos. O primeiro tem a ver com a covid-19. Afinal, como passamos muito tempo de máscara e respeitando o isolamento, não fomos expostos à bactéria da escarlatina – dessa maneira, deixamos de ter anticorpos. “O segundo ponto é que, após a pandemia, vimos um aumento indiscutível de viroses respiratórias. E, hoje, os estudos estão mostrando cada vez mais que existe uma espécie de conspiração entre vírus e bactérias. Ou seja, eles facilitam a ação das bactérias. É uma relação de parceria”, afirma Rosana. Em terceiro lugar, há a possibilidade de estarmos diante de uma cepa da bactéria mais virulenta, capaz de provocar quadro mais grave.
PARA ENTENDER.
A escarlatina é uma doença infecciosa aguda, causada por uma bactéria chamada estreptococo beta hemolítico do grupo A. Os estreptococos são também agentes causadores de infecções da garganta (amigdalites) e da pele (impetigo, erisipela).
O aparecimento não depende de uma ação direta da bactéria, mas de uma reação de hipersensibilidade (alergia) às toxinas que ela produz. Assim, a mesma bactéria pode provocar doenças diferentes em cada indivíduo que infecta.
A descarlatina provoca pequenas manchas vermelhas na pele, que costumam ser ásperas e descamativas, e deixa as papilas avermelhadas. Quem tem a doença deve permanecer em casa para evitar passála adiante e também para se recuperar, uma vez que o quadro costuma causar febre, dor de garganta e prostração. •
RENATA OKUMURA E THAÍS MANARINI
Possíveis causas
Especialista cita isolamento e posterior avanço de virose com covid, além de cepa virulenta
METRÓPOLE
pt-br
2023-11-22T08:00:00.0000000Z
2023-11-22T08:00:00.0000000Z
https://digital.estadao.com.br/article/281788518802177
O Estado