O Estado de S. Paulo

Ataque a urnas eletrônicas repete alegações infundadas

Bolsonaro voltou a contestar legitimidade do processo eleitoral, sem apresentar evidências de falhas na segurança

Pedro Prata

Em discurso para simpatizantes reunidos na Avenida Paulista, em São Paulo, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a dizer, sem base em evidências, que as urnas eletrônicas utilizadas pela Justiça Eleitoral não são seguras.

“Não podemos admitir um sistema eleitoral que não oferece qualquer segurança por ocasião das eleições”, disse Bolsonaro. A alegação é enganosa, pois o sistema tem vários mecanismos de segurança, e que sempre funcionaram, dado que, desde sua implementação, em 1996, nunca houve prova ou evidências de fraudes. A introdução do voto impresso foi rejeitada pela Câmara dos Deputados em agosto.

O sistema utilizado nas urnas eletrônicas tem criptografia que impede que ele sofra alterações. Além disso, mecanismos de segurança impedem que as urnas funcionem com um sistema modificado.

As máquinas tampouco são conectadas à internet, o que impede acesso remoto que possa comprometer a integridade dos votos registrados. Ao final da votação, a urna imprime um boletim com o total de votos recebidos. Este boletim de urna é público e serve como uma das etapas de auditoria. Isso porque é possível conferir se o número impresso é o mesmo recebido pela central de totalização da Justiça Eleitoral.

Para comprovar que os sistemas registram adequadamente o voto digitado, é realizada uma votação paralela no dia das eleições. Por sorteio, algumas urnas são utilizadas nessa simulação da votação. Depois de se certificar de que cada urna não tem nenhum voto registrado – por meio da impressão da zerésima, a prova de que há zero registros – , os participantes votam normalmente e depois conferem se o resultado digitado é o mesmo computado pelas máquinas. Esse processo também é acompanhado publicamente.

Fiscalização. Na Avenida Paulista, em cima do carro de som, Bolsonaro falou que “não é uma pessoa do TSE que vai nos dizer que esse processo é seguro e confiável, porque não é”. Essa alegação também é enganosa, porque o processo de segurança dos sistemas eleitorais é atestado por representantes da Ordem dos Advogados do Brasil, do Ministério Público e de partidos políticos.

Bolsonaro usou a pauta do voto impresso para radicalizar a sua base e chegou a realizar uma transmissão de vídeo ao vivo, no final de julho, para supostamente apresentar provas. Acabou admitindo que não as possuía, mas sim “indícios” de irregularidades no sistema.

O que ele mostrou foi um conjunto de vídeos antigos com alegações falsas – muitas já checadas e refutadas. Depois da live, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pediu ao ministro Alexandre de Moraes, do STF, que incluísse Bolsonaro no inquérito das fake news.

Política

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2021-09-08T07:00:00.0000000Z

2021-09-08T07:00:00.0000000Z

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