Marina Helena, a candidata que pontuou em SP como veterana
Pré-candidata do Novo à Prefeitura pode ter se beneficiado em pesquisa por ter mesmo nome da ministra do Meio Ambiente
ZECA FERREIRA
Recentemente, um nome surpreendeu pela pontuação em pesquisa sobre a disputa à Prefeitura de São Paulo. A pré-candidata do Novo, Marina Helena, apareceu em quarto lugar, com 7% das intenções de voto. O resultado a colocou em empate técnico com a deputada Tabata Amaral (PSB-SP), com 8%, e à frente do também deputado Kim Kataguiri (União Brasil-SP), que registrou 4% no levantamento. À frente deles apareceram o deputado Guilherme Boulos (PSOL), com 30%, e o atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB), com 29%.
Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, a diretora do Datafolha, Luciana Chong, disse que parte dos entrevistados pode ter confundido Marina Helena com a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva (Rede), que disputou três eleições à Presidência da República. Segundo Luciana, a possível confusão será resolvida à medida que a população conhecer melhor os candidatos.
A despeito do apoio de Jair Bolsonaro (PL) ao prefeito Ricardo Nunes na campanha municipal, Marina Helena se considera a única candidata de direita na corrida eleitoral à Prefeitura paulistana. Defende o aumento de investimentos na segurança pública e a desestatização do sistema de ensino na capital paulista. “Minha proposta é uma gestão eficiente. É conseguir colocar o governo onde é preciso e tirá-lo de onde não é”, resume.
‘É UM ABSURDO’. Os números conquistados pela pré-candidata do Novo foram considerados atípicos por parte de seus adversários, visto que ela é pouco conhecida entre o eleitorado paulistano. Kataguiri chegou a classificar o resultado da pesquisa como “irracional”. A economista rechaçou a hipótese levantada pela diretora do Datafolha. “Isso é um absurdo”, reagiu.
Marina Helena Cunha Pereira Santos nasceu em 10 de setembro de 1980, em Brasília. Aos três anos, mudou-se com a mãe para a periferia de São Luís (MA), após o divórcio de seus pais. Diz ter sofrido um abuso aos 13 anos, fugindo do lar materno para a casa do pai, na capital federal.
Filha de um servidor público que migrou para a iniciativa privada, frequentou bons colégios na adolescência, graduando-se em Economia na Universidade de Brasília (UnB), onde concluiu seu mestrado na mesma área. Aos 24 anos, iniciou trajetória no mercado financeiro em São Paulo. Casada, é mãe da Luna, de 7 anos, e do recém-nascido Theo.
Marina Helena Pré-candidata do Novo à Prefeitura, sobre a hipótese de ter sido confundida com Marina Silva em pesquisa
No mercado financeiro, Marina Helena atuou no Bradesco, Itaú e Bozano Investimentos. Além disso, foi economista-chefe e sócia de diferentes casas de análise. Ela diz que estudou com profundidade o funcionamento das economias de mais de dez países. “Cheguei a
vender cosméticos. Na faculdade, era a responsável pela contabilidade de um posto de gasolina”, contou. Em 2022, declarou patrimônio de R$ 8,6 milhões à Justiça Eleitoral.
‘ACESSO À CANETA’. Marina conheceu o economista Paulo Guedes trabalhando na Bozano. Quando assumiu o Ministério da Economia na gestão do então presidente Jair Bolsonaro (PL), Guedes a convidou para comandar a Secretaria Especial de Desestatização e Desinvestimento. Ela afirma que foi durante a atuação na secretaria que decidiu entrar na política. “Queria ter acesso à caneta, porque vi projetos promissores sendo entregues nas mãos daqueles que tinham o poder, apenas para serem completamente desfigurados”, criticou.
Sua primeira experiência política foi no Movimento Brasil Sem Privilégios, pressionando o Congresso pela votação de uma reforma administrativa. Ela também foi diretora executiva do Instituto Millenium. Filiada ao Novo desde 2018, disputou sua primeira eleição em 2022, quando concorreu ao cargo de deputado federal por São Paulo. Recebeu 50,7 mil votos, mas não foi eleita. “Viajei muito na campanha, mas as redes sociais foram muito importantes para minha projeção.”
CRÍTICAS AO MST. Nelas, há elogios ao presidente da Argentina, Javier Milei, e críticas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao que considera privilégios do Poder Judiciário e ao Movimento dos Sem Terra (MST). Nas eleições de 2022, Marina Helena declarou voto em Jair Bolsonaro no segundo turno da disputa.
A pré-candidata criticou ainda João Amoêdo e disse que o Novo errou ao não expulsá-lo antes, “depois de tantos precedentes”. Um dos fundadores do partido, Amoêdo declarou voto em Lula no segundo turno das eleições passadas. Questionada sobre a posição ideológica do Novo, Marina afirmou que o partido é de direita e liberal na economia, e que questões ligadas a comportamento, como aborto e descriminalização da maconha, são de livre posicionamento dos filiados. Ela destacou, no entanto, que tem um viés conservador para essas questões.
Apesar de não contar com o apoio de Bolsonaro, que deve apostar no prefeito Ricardo Nunes, ela disse que suas propostas vão naturalmente atrair o eleitorado de direita. Marina Helena tem criticado a política de segurança pública da gestão atual. Se eleita, a pré-candidata do Novo promete triplicar o orçamento da área.
“Isso é um absurdo”
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2024-03-17T07:00:00.0000000Z
2024-03-17T07:00:00.0000000Z
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