Bolsonaro participa de motociata e volta a atacar Barroso
Presidente afirma que ministro quer retorno da ‘fraude’ e faz nova defesa do voto impresso em Porto Alegre
Eduardo Amaral /COLABOROU CAMILA TURTELLI
O presidente Jair Bolsonaro voltou a atacar o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Luis Roberto Barroso, reforçando sua narrativa contra a confiabilidade das urnas eletrônicas, sem apresentar provas de fraude. “O que o Barroso quer é a volta da roubalheira, a volta da fraude eleitoral”, disse Bolsonaro, em Porto Alegre, do alto de um carro de som, depois de participar de uma motociata com apoiadores na capital gaúcha.
O presidente também atacou seu maior rival e líder nas pesquisas de intenção de voto, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). “Se aquele de nove dedos tem 60% segundo o Datafolha, vamos fazer o voto impresso e auditável da deputada (federal) Bia Kicis, que está aqui, para ver se ele ganha realmente no primeiro turno”, declarou Bolsonaro, aproveitando para colocar novamente sob suspeita o sistema eleitoral pelo qual foi eleito presidente e deputado federal.
Na mais recente pesquisa Datafolha, divulgada anteontem, Lula ganharia a disputa por 58% a 31% em uma simulação de segundo turno. Nos dois cenários traçados pelo instituto para o primeiro turno, o petista lidera a corrida presidencial de 2022.
Luis Miranda. Antes da motociata, o presidente deu entrevista à Rádio Gaúcha. Questionado sobre seu encontro com o deputado Luis Miranda (DEM-DF), no dia 20 de março, Bolsonaro se eximiu da responsabilidade de ter de tomar providências sobre as supostas denúncias levadas até ele. “Ele (Miranda) pediu uma audiência pra conversar comigo
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sobre várias ações. Tenho reunião com mais de 100 pessoas por mês, dos mais variados assuntos. Eu não posso simplesmente, ao chegar qualquer coisa pra mim, tomar providência”, respondeu Bolsonaro.
O deputado e seu irmão, o servidor público do Ministério da Saúde Luis Ricardo Fernandes Miranda, disseram à CPI da Covid que relataram a Bolsonaro, na reunião ocorrida no Palácio da Alvorada, pressões “atípicas” e indícios de irregularidades na compra da Covaxin, vacina produzida pelo laboratório indiano Bharat Biotech. Há fotos publicadas nas redes sociais que comprovam que eles estiveram juntos nesse dia.
Bolsonaro foi questionado sobre as denúncias. “Gastei um centavo com a Covaxin? Me responda, gastei um centavo?”, disse ao repórter da Rádio Gaúcha. “A compra seria 400 milhões de doses? A compra seria mil por cento sobre o faturamento? Não é a imprensa, é o que a CPI andou falando”, afirmou.
Inquérito. Bolsonaro se tornou alvo de inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) por causa dessa denúncia, sob suspeita de ter se omitido e cometido o crime de prevaricação. Desde a denúncia, o presidente não desmentiu o deputado e evita falar sobre o caso. A cúpula da CPI enviou uma carta a Bolsonaro, cobrando dele que se manifeste, e ele respondeu, em live, com um xingamento, sem dar explicações.
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2021-07-11T07:00:00.0000000Z
2021-07-11T07:00:00.0000000Z
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