O Estado de S. Paulo

MP-SP abre investigação sobre coronel

Aleksander Lacerda convocou para ato bolsonarista no 7 de Setembro; Polícia Militar ‘encosta’ ex-comandante de batalhões no interior

/ RAYSSA MOTTA, FAUSTO MACEDO e MARCELO GODOY

O Ministério Público de São Paulo abriu um inquérito para apurar se o chefe do Comando de Policiamento do Interior-7 (CPI-7) da Polícia Militar de São Paulo, coronel Aleksander Lacerda, e o diretor do Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), coronel da reserva da PM Ricardo Augusto Araújo, cometeram improbidade administrativa ao convocar a população para manifestações de 7 de Setembro em apoio ao presidente Jair Bolsonaro.

Em portaria assinada anteontem, o promotor José Carlos Guillem Blat afirma que a conduta pode configurar, além de transgressão disciplinar, ofensa aos princípios da administração pública. “Os órgãos de Segurança Pública são instituições permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, e destinam-se à defesa da sociedade e devem se pautar pelo regime democrático instituído”, diz o despacho.

A investigação foi aberta após o Estadão mostrar que Lacerda, em redes sociais, convocou colegas para ato bolsonarista do Dia da Independência, criticou ministros do Supremo Tribunal Federal e chamou o governador João Doria (PSDB) de “cepa indiana” e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), de “covarde”. Foram quase 400 mensagens publicadas nas redes entre os dias 1.º e 22 de agosto. Lacerda foi afastado do Comando de Policiamento do Interior-7.

Ex-comandante das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), Araújo divulgou um vídeo em sua conta do Instagram convocando veteranos da tropa para as manifestações no 7 de Setembro. Na gravação, o diretor-presidente da Ceagesp pede “ajuda” para Bolsonaro.

O Ministério Público deu dois dias para o coronel Fernando Alencar Medeiros, comandante-geral da PM, apresentar informações sobre as medidas adotadas pelos agentes. “O inquérito civil é o meio procedimental adequado para a coleta de elementos probatórios destinados a instruir eventual ação”, afirma a portaria do MP.

‘Nasa’. Ontem, o comando da Polícia Militar designou Lacerda para o Estado-maior Especial. O órgão é conhecido popularmente entre os policiais como “Nasa” – lugar em que um coronel é “encostado” para não ficar sem função. No lugar dele, o comando da PM designou o coronel Edson Luís da Silva Simeira, que comandava o policiamento na região central de São Paulo, o Comando de Policiamento de Área Metropolitana-1 (CPA-M1). Para o lugar de Simeira foi nomeado o coronel Marcos de Paula Barreto. As nomeações foram publicadas no Diário Oficial do Estado.

Além de ser afastado, Lacerda terá seu caso examinado pela Corregedoria da PM. O comando da PM não informou ainda que tipo de procedimento foi aberto para apurar a conduta do coronel.

Política

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2021-08-26T07:00:00.0000000Z

2021-08-26T07:00:00.0000000Z

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