O Estado de S. Paulo

Litoral concentra lista de localidades mais violentas de São Paulo

Levantamento reúne casos de roubos, homicídios e estupros em cidades com mais de 50 mil habitantes

MARCO ANTONIO CARVALHO JOSÉ MARIA TOMAZELA

Peruíbe, Caraguatatuba, Mongaguá e Ubatuba estão entre os cinco municípios com os maiores índices de crimes praticados com violência no Estado de SP, tendência que tem se repetido nos últimos anos na região. O Índice de Exposição aos Crimes Violentos (IECV) – elaborado pelo Instituto Sou da Paz a partir de números oficiais de 2022 e obtido pelo Estadão – reúne dados de roubos, estupros e homicídios nos 136 municípios paulistas com mais de 50 mil habitantes. Para os pesquisadores, a hipótese de criminalidade sazonal provocada pela presença de turistas no período de férias não se confirma. A Secretaria da Segurança Pública diz reforçar as ações no litoral e aponta que os dados mostram queda dos crimes em 2023.

O litoral de São Paulo lidera a lista de localidades mais violentas do Estado, entre os 136 municípios paulistas com mais de 50 mil habitantes. O dado é do Índice de Exposição aos Crimes Violentos (IECV), elaborado pelo Instituto Sou da Paz com base em números de 2022 da Secretaria da Segurança Pública e obtido com exclusividade pelo Estadão.

Segundo o indicador, que reúne registros de roubos, estupros e homicídios. Peruíbe, Caraguatatuba, Mongaguá e Ubatuba estão entre os cinco municípios com os maiores índices de crimes praticados com violência. A Secretaria da Segurança Pública (SSP) diz reforçar as ações no litoral.

Neste ano, o estudo do instituto analisou também o impacto de efeitos sazonais sobre o indicador diante da possibilidade de que crimes cometidos no verão, por exemplo, pudessem afetar o cômputo final. O que foi encontrado, porém, mostra que as cidades litorâneas lideram o indicador mesmo se esse efeito for controlado estatisticamente.

MAIS E MENOS. O topo da lista das cidades mais violentas é ocupado por Peruíbe, que já liderava o indicador em 2021. A cidade de 68,3 mil habitantes registrou no ano passado 10 homicídios, 52 estupros e 411 roubos. Na outra ponta, com 50 mil habitantes, Capivari registrou dois homicídios, dois estupros e 23 roubos e foi a mais segura do Estado.

No total, seis tipos de registros são considerados no índice, divididos em três blocos: homicídio doloso e latrocínio (crimes contra a vida); estupros (crime contra a dignidade sexual); e roubos gerais, a veículos e cargas (crimes patrimoniais). A eles são atribuídos diferentes pesos: no caso do homicídio doloso, a participação é de 34% no indicador; já para roubo de carga, 1,5%.

“Entendemos ainda que todos estes crimes violentos sejam graves, reconhecemos que eles possuem padrões de ocorrência e níveis de gravidade distintos. Portanto, atribuímos diferentes pesos às dimensões de crimes contra a vida, crimes contra a dignidade sexual e crimes patrimoniais, por entendermos que os crimes violentos contra vida, ainda que menos frequentes, são os mais graves frente aos crimes contra a dignidade sexual e patrimoniais, inclusive em suas implicações penais”, explica o Sou da Paz.

Seis cidades do litoral de São Paulo estão entre as dez mais violentas do Estado: Peruíbe, Caraguatatuba, Mongaguá, Ubatuba, Itanhaém e Bertioga. O que os dados mostram é uma alta incidência criminal nessas localidades em dinâmicas pouco relacionadas à movimentação de turistas durante o verão, por exemplo.

Peruíbe possui o mais alto indicador proporcional de estupros do Estado. O coordenador de projetos do Sou da Paz, Rafael Rocha, explica que esse é um tipo de crime com características conhecidas: mais de 70% são praticados contra vítimas vulneráveis, majoritariamente dentro de residências e com autor conhecido. “Não é uma dinâmica afeita à chegada de turistas na cidade, não dá para explicar pela alta temporada. É mais uma questão crônica do município”, diz.

ROUBOS. Ao contrário do que se poderia pensar, os crimes patrimoniais, como roubos a pedestres e comércio, não são prevalentes nas áreas litorâneas. Entre os 10 municípios com maiores indicadores de crimes patrimoniais, só um está no litoral: Mongaguá. Os nove restantes estão situados na região metropolitana da capital, onde as ocorrências de assalto se avolumam, como em São Paulo, Diadema e Santo André. Entre as dez cidades mais violentas, Cruzeiro e Lorena, próximas à divisa com o Rio de Janeiro, sofrem com a alta incidência de homicídios.

Roubos preocupam na Grande SP e Cruzeiro e Lorena sofrem mais com os homicídios

GOVERNO. Sobre os registros que afetam as cidades do litoral sul, a SSP disse que tem realizado “diversas ações para a região, incluindo operações como a SULMASP e Impacto, focadas especialmente no combate ao crime organizado”. “Há queda consistente nos indicadores criminais observados em 2023 e aumento da produtividade policial.” •

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2023-12-05T08:00:00.0000000Z

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