O Estado de S. Paulo

Indulto a Bolsonaro seria ‘1º ato’ de governo, diz Tarcísio

Pela primeira vez, governador de SP dá declaração enfática sobre um perdão ao ex-presidente, caso ele seja condenado pelo STF

LAVÍNIA KAUCZ

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), disse que sua primeira medida caso se torne presidente da República será conceder um indulto ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) – caso ele seja condenado no julgamento da ação penal em que é réu por tentativa de golpe de Estado.

Tarcísio foi questionado se concederia o indulto em entrevista ao Diário do Grande ABC, publicada na última sexta-feira. “Na hora. Primeiro ato. Porque eu acho que tudo isso que está acontecendo é absolutamente desarrazoado”, afirmou ele.

Bolsonaro começará a ser julgado amanhã pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) junto com outros sete réus do chamado “núcleo crucial”, conforme denúncia da Procuradoria-Geral da República.

O governador voltou a negar, porém, a intenção de se candidatar à Presidência em 2026. “Eu não sou candidato à Presidência, vou deixar isso bem claro. Todo governador de São Paulo é presidenciável, pelo tamanho do Estado, um Estado muito importante. Mas vamos pegar na história recente qual foi o governador de São

Paulo que se tornou presidente da República: o último foi Jânio Quadros e o penúltimo foi Washington Luís”, afirmou.

Como mostrou o Estadão, Tarcísio já calibra comunicação, ouve marqueteiros e busca projeção nacional de olho nas eleições de 2026, mas evita dar sinais de campanha antecipada para não virar alvo do bolsonarismo.

Esta foi a primeira declaração do governador citando o indulto como uma ação caso seja eleito para o Planalto. Em julho, Tarcísio havia afirmado acreditar que “qualquer candidato” de centro direita deveria conceder um indulto a Bolsonaro, caso o ex-presidente seja condenado na ação penal sobre a trama golpista. Na ocasião, Tarcísio afirmou acreditar na inocência do aliado.

Os governadores de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), e Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), pré-candidatos ao Planalto, já se comprometeram publicamente com a medida.

DESCONFIANÇA. Tarcísio também disse que não pode dizer hoje que confia na Justiça e que não vê “elementos” para a condenação de Bolsonaro no julgamento no Supremo. “Não acredito em elementos para ele ser condenado, mas infelizmente hoje eu não posso falar que confio na Justiça, por tudo que a gente tem visto”, disse.

‘SOLUÇÃO POLÍTICA’. O governador ainda defendeu a anistia aos condenados por tentativa de golpe de Estado e a “prerrogativa” do Congresso em construir uma “solução política”. “A gente tem falado com partidos, acredito muito em uma saída política via Congresso, e o Congresso tem que ter sua prerrogativa respeitada para

construir uma solução política. Essa solução ( anistia) não é novidade, esteve presente em outros momentos do Brasil”, disse, citando episódios desde revoltas do período colonial até o “movimento de 64”.

Na entrevista, Tarcísio ainda cobrou o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), para que paute a anistia. O governador não citou o deputado nominalmente. “Entendo que os presidentes da Casa têm que submeter isso à vontade do plenário, e não pode ter interferência de outro Poder”, disse. •

“Na hora. Primeiro ato (...) Não acredito em elementos para ele ser condenado, mas infelizmente hoje eu não posso falar que confio na Justiça”

Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de SP

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2025-09-01T07:00:00.0000000Z

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