Países inflam gastos com defesa; EUA respondem por 40%
M.G.
Todo ano os militares brasileiros se queixam da falta de recursos para sua área. O Projeto de Lei Orçamentária Anual de 2025, que deve ser votado em março pelo Congresso, prevê um aumento real de 0,8% nos recursos destinados ao Ministério da Defesa em relação a 2024. Os números totais incluem os gastos com custeio, salários e com investimentos. Quando analisado separadamente, os recursos reservados na rubrica “Defesa Nacional”, que concentra os investimentos da pasta, devem cair 1% em 2025 ante o ano anterior, passando de R$ 14,89 bilhões para R$ 14,73 bilhões (valores atualizados pelo INPC).
Esse movimento vai em sentido oposto ao observado no mundo, que registra desde 2022 aumentos contínuos de gastos com a Defesa, conforme demonstrou relatório publicado no último dia 12 pelo Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS, na sigla em inglês), de Londres.
As reclamações tradicionais dos militares brasileiros ocorrem agora em um novo contexto geopolítico mundial – exposto pelas guerras na Ucrânia e no Oriente Médio – que se aprofundou com a posse de Donald Trump, no qual antigos aliados se veem ameaçados pela nova e assertiva política externa americana.
Segundo explicou Bastian Giegerich, diretor-geral, do IISS, foi a continuação da guerra na Europa (Ucrânia) que intensificou a competição estratégica entre as potências militares, provocando o aumento de 7,4% dos gastos em defesa no mundo. Tudo indica que a tendência de aumento deve se manter neste ano.
No caso do Brasil, os gastos com a Defesa em 2024 cresceram 0,05% em relação a 2023 (R$ 135,21 bilhões, em valores atualizados). Mas os recursos orçamentários para investimentos no ano passado haviam recebido um acréscimo de 6,3% em comparação com 2023, passando de R$ 13,8 bilhões para R$ 14,7 bilhões.
RANKING. Como termo de comparação, esses valores deixam o Brasil fora do ranking das 15 nações que mais gastaram com defesa em 2024, de acordo com o ranking do IISS. Os EUA lideram a lista com US$ 968 bilhões gastos na área – 39,3% de todo o dinheiro gasto no setor no mundo. China (US$ 235 bilhões) e Rússia (US$ 145,9 bilhões), somadas, gastaram apenas 36,8% do que os americanos colocaram no setor.
Ao todo, os países gastaram US$ 2,46 trilhões em 2024 ante US$ 2,24 trilhões em 2023, um ano que já havia registrado um crescimento de 6,5% do dinheiro alocado para o setor em relação a 2022, quando o crescimento ante 2021 havia sido de 3,5%. De acordo com o IISS, todas as regiões do planeta, exceto a África Subsaariana, cresceram seus gastos em termos reais em 2024.
Outro dado importante exposto pelo instituto é que, “como proporção do PIB, os gastos globais aumentaram de uma média de 1,59% em 2022 para 1,80% em 2023 e 1,94% em 2024”. No caso brasileiro, os gastos com o setor não chegam a 1,1% do PIB.
POLÍTICA
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2025-02-16T08:00:00.0000000Z
2025-02-16T08:00:00.0000000Z
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O Estado
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