O Estado de S. Paulo

Bolsonaro é internado em São Paulo com obstrução intestinal

Tratamento sem cirurgia é primeira opção de equipe médica do presidente

/ ANDRÉ BORGES, TULIO KRUSE, SOFIA AGUIAR, CAMILA TURTELLI, GUSTAVO CÔRTES e CÁSSIA MIRANDA

O presidente Jair Bolsonaro foi internado na noite de ontem no hospital Vila Nova Star, na zona sul de São Paulo, após ser diagnosticado, em Brasília, com obstrução intestinal. Ele havia sido levado para o Hospital das Forças Armadas após se queixar de fortes dores no abdome. O médico Antônio Luiz Macedo, responsável por operar o presidente em setembro de 2018, quando Bolsonaro foi ferido a faca, decidiu pela transferência após analisar o quadro clínico. Nota divulgada à noite, após exames, informou que os médicos optaram por um “tratamento clínico conservador”, inicialmente sem a necessidade de cirurgia. Em mensagem no Twitter, no momento em que seu governo enfrenta crise política, o presidente escreveu que sua situação é “consequência da tentativa de assassinato promovida por antigo filiado ao PSOL”, legenda que descreveu como “braço esquerdo do PT”.

Com obstrução intestinal e dores no abdômen, o presidente Jair Bolsonaro deu entrada na noite ontem no hospital Vila Nova Star, em São Paulo. Bolsonaro foi transferido para a capital paulista após permanecer internado em Brasília ao longo do dia, onde passou por uma série de exames no Hospital das Forças Armadas. O médico Antônio Luiz Macedo, que foi responsável por operar o presidente no fim de 2018 – quando Bolsonaro foi atingido por uma facada, durante sua campanha eleitoral –, decidiu pela transferência para a capital paulista após analisar o quadro clínico de Bolsonaro.

A Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência informou que Bolsonaro seria submetido em São Paulo a novos exames para avaliar a necessidade de uma cirurgia “de emergência”. Uma nota divulgada à noite pela a equipe médica, no entanto, informava que o presidente permaneceria em intenso “tratamento clínico conservador”, inicialmente sem a necessidade de cirurgia. Ainda segundo o comunicado, o presidente já havia feito “avaliações clínicas, laboratoriais e de imagem” na capital paulista.

“Toda situação de obstrução intestinal tem sua gravidade. Ele vai ser acompanhado de perto, sobretudo com exame clínico, que é o mais importante nessa situação”, afirmou Macedo, em entrevista à rádio Jovem Pan. “Muitas vezes com jejum, hidratação e medicação, o quadro reverte sem a necessidade de cirurgia.” Macedo não quis prever, porém, quando Bolsonaro poderá retornar às atividades. “Se ele for operado, sempre vai ter um pós-operatório de uns cinco dias, uma semana, para ele se recuperar totalmente e voltar para o trabalho depois de uns 10, 15 dias. Se ele não for operado, a recuperação deve ser mais simples e mais tranquila.”

O senador Flávio Bolsonaro (Patriota-rj) afirmou que seu pai chegou a ser intubado para evitar broncoaspiração de líquido vindo do estômago durante procedimento para exames em Brasília. “Ele foi submetido a uma endoscopia. Foi constatado um entupimento no intestino. Foi para uma unidade de tratamento intensivo para ficar em observação com cuidados melhores”, afirmou, também em entrevista à Jovem Pan.

O agravamento do quadro de saúde de Bolsonaro ocorre no momento que o governo encara um de seus piores cenários, com queda recorde de popularidade, crescente desgaste com o Supremo Tribunal Federal e embates com a CPI da Covid.

Ontem, enquanto estava no hospital, o presidente divulgou uma foto sua pelas redes sociais, onde aparece sem camisa, deitado em uma maca e acompanhado de um padre com crucifixo no pescoço. A imagem relembra as que foram divulgadas durante o tratamento que recebeu em 2018. Com aparência de cansaço, após receber medicações, Bolsonaro politizou a sua própria situação. No Twitter, escreveu que encara “mais um desafio”, por causa da facada que levou de Adélio Bispo, em 2018. Sem citar o nome do agressor, afirmou que sua situação é “consequência da tentativa de assassinato promovida por antigo filiado ao PSOL, braço esquerdo do PT, para impedir a vitória de milhões de brasileiros que queriam mudanças para o Brasil”.

Escreveu ainda que o episódio foi “um atentado cruel não só contra mim, mas contra a nossa democracia”. As investigações concluíram que Adélio Bispo agiu de forma isolada e sofre de graves problemas mentais.

Soluços. Bolsonaro já passou por algumas cirurgias em decorrência da facada que recebeu no dia 6 de setembro de 2018, em Juiz de Fora, no interior de Minas. Desde a semana passada, o presidente vinha se queixando de uma crise de soluços. O incômodo ficou claro na live semanal da última quinta-feira. Na ocasião, Bolsonaro chegou a pedir desculpas logo no início da transmissão. “Peço desculpas. Estou há uma semana com soluços, talvez eu não consiga me expressar adequadamente.”

Na segunda-feira, em conversa com apoiadores no Alvorada, o presidente soluçou várias vezes no primeiro minuto de fala sobre os protestos em Cuba. No dia seguinte, novamente em conversa com apoiadores, voltou a reclamar das contrações involuntárias no diafragma, dizendo que estava “arrebentado”.

Em função dos problemas médicos, foi cancelada a reunião que estava marcada entre Bolsonaro e os presidentes da Câmara, Arthur Lira, do Senado, Rodrigo Pacheco, e do Supremo, Luiz Fux. O encontro tinha a missão de sinalizar um “acordo de paz” entre os poderes. O quadro de saúde suspende toda a agenda de Bolsonaro dos próximos dias.

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2021-07-15T07:00:00.0000000Z

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