O Estado de S. Paulo

Presidentes do PSDB, MDB e Cidadania escolhem Tebet para terceira via

Executivas nacionais dos partidos ainda precisam referendar indicação; pesquisas mostram alta rejeição a Doria

LAURIBERTO POMPEU

Os presidentes do PSDB, do MDB e do Cidadania decidiram indicar a senadora Simone Tebet (MDBMS) como candidata única da terceira via à Presidência. Pesquisas encomendadas pelos partidos mostraram que Tebet teria maior potencial de crescimento do que o ex-governador de São Paulo João Doria, vencedor de prévias do PSDB. A decisão ainda precisa passar pelo crivo das Executivas nacionais dos três partidos, que devem se reunir na próxima terça-feira, mas indica que Doria foi rifado. Antes da definição dos presidentes, a cúpula do PSDB já fazia pressão para Doria sair do páreo, com a alegação de que a alta rejeição ao seu nome atrapalha os candidatos do partido.

Os presidentes de PSDB, MDB e Cidadania decidiram ontem indicar a senadora Simone Tebet (MDB-MS) como candidata única da terceira via à Presidência. A decisão ainda precisa passar pelo crivo das executivas nacionais dos três partidos, que devem se reunir na próxima terça-feira, mas já indica que o ex-governador de São Paulo João Doria, pré-candidato do PSDB, foi rifado.

Pesquisas encomendadas pelos partidos mostraram que a rejeição a Doria é muito alta e Simone teria maior potencial de crescimento. Ele foi aprovado em prévias do PSDB, em novembro do ano passado, mas, desde então, enfrenta resistências para tornar o nome viável.

A cúpula tucana faz pressão para Doria desistir do páreo, sob a alegação de que a pré-candidatura dele atrapalha os concorrentes do partido, principalmente em São Paulo, Estado administrado pelo PSDB há quase 30 anos, onde o governador Rodrigo Garcia disputa a reeleição. A ala do partido favorável a Simone quer que o senador Tasso Jereissati (CE) seja candidato a vice na chapa.

Doria não aceita renunciar e já mostrou disposição para recorrer ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), uma vez que sua pré-candidatura foi oficializada em prévias. No sábado, em carta enviada ao presidente do PSDB, Bruno Araújo, o ex-governador acusou o comando do partido de querer promover um “golpe” para retirar seu nome “no tapetão”. Araújo disse que a carta representava a intenção de Doria de romper com o partido.

O ex-governador foi convidado para participar de uma reunião com dirigentes do PSDB, na manhã de ontem, mas não compareceu, sob a justificativa de que já tinha compromissos agendados. Antes da decisão dos presidentes dos partidos de encaminhar o nome de Simone, Doria deu sinais de que estava disposto a conversar com os dirigentes na próxima semana.

“O momento é de diálogo. O projeto de construção política deve priorizar o Brasil e o povo brasileiro”, disse ele, em mensagem publicada ontem no Twitter.

Depois, fez outras postagens para destacar sua persistência. “Diziam que era impossível despoluir o Rio Pinheiros. Está aí. Com trabalho, planejamento e dedicação, nada é impossível! #TMJ”, escreveu. Procurado por meio de sua assessoria, Doria não havia se manifestação até a conclusão desta edição.

DIVISÃO. A reunião da executiva do PSDB, na noite de anteontem, já havia escancarado o racha no partido e não foram poucos os que defenderam a necessidade da saída de Doria. Nem todos, no entanto, pregaram a aliança com Simone. O deputado Aécio Neves (MG), por exemplo, chegou a dizer que ela poderia ser “abandonada” na convenção porque o MDB também está dividido.

Uma ala quer fechar acordo com o presidente Jair Bolsonaro (PL), que disputa a reeleição, e outra pretende apoiar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O grupo de Aécio defende candidatura própria do PSDB. Além do nome de Tasso, há os que pregam o ex-governador do Rio Grande do Sul Eduardo Leite.

“Até terça-feira que vem fica pública uma posição apresentada aos três partidos. Vamos aguardar para ver se os três partidos confirmam essa posição”, disse Araújo, ontem, numa referência a Simone. “A partir daí, inicia-se um processo entre os dois candidatos postos no qual poderemos passar para a fase seguinte de começar a construir de forma sólida essa aliança, construindo aspectos regionais e demandas que possam fortalecer essa candidatura presidencial.”

O comando dos três partidos vai trabalhar para que Simone seja a candidata. “Temos consenso entre nós. Vamos ter de colocar para o partido para poder dizer esse candidato que vocês chamam de terceira via”, declarou o presidente do Cidadania, Roberto Freire.

Logo após a reunião de ontem, Araújo comentou a mensagem em que Doria diz que “o momento é de diálogo”. Ele elogiou o ex-governador e afirmou que é “a atitude de um líder que tem compromisso com o seu país”.

SÃO PAULO. Integrantes da Executiva do PSDB vão se reunir com Doria antes de terça e tentar fazer com que ele desista de ser candidato. Aliados do ex-governador querem que o encontro seja em São Paulo. “Provavelmente aqui (São Paulo), se for no início da semana”, disse o tesoureiro do partido, Cesar Gontijo.

O presidente do MDB, Baleia Rossi, afirmou que uma alternativa a Lula e Bolsonaro é importante para dar respostas à sociedade. “A sensação da população é que essa polarização prejudica os brasileiros. Esse é um dado extremamente relevante para a construção de uma alternativa mais equilibrada, moderada, que busque responder aos problemas reais dos brasileiros e não uma briga pela briga.”

“Até terça-feira fica pública uma posição apresentada aos três partidos. Vamos aguardar para ver se os partidos confirmam essa posição. A partir daí, inicia-se um processo entre os dois.”

Bruno Araújo

Presidente do PSDB

“O momento é de diálogo. O projeto de construção política deve priorizar o Brasil.”

João Doria

Ex-governador de SP

“A sensação da população é que essa polarização prejudica os brasileiros.”

Baleia Rossi

Presidente nacional do MDB

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