O Estado de S. Paulo

Governo contraria Centrão ao usar IR como ‘vacina’ para desgaste do corte de gastos

Lideranças do Centrão na Câmara dos Deputados consideraram um “erro” o governo antecipar o anúncio do aumento da isenção do Imposto de Renda para até R$ 5 mil. Deputados influentes disseram que o movimento do Palácio do Planalto foi fora do “timing”. O motivo desse descontentamento é que trazer à tona o debate do IR agora vai no sentido contrário do pacote de corte de gastos do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já que significa aumentar despesas. Interlocutores do governo dizem, por outro lado, que era mesmo necessário criar um fato positivo politicamente antes de lançar medidas impopulares do pacote, que obrigatoriamente trará contenção de despesas e pode até mesmo afetar a aprovação de Lula.

• INSATISFAÇÃO. Os líderes do Congresso consideram difícil votar contra a isenção maior para o IR. O tema é popular. Por isso, não queriam tratar agora do assunto e preferiam focar nos cortes de gastos para que o governo cumpra regras do novo arcabouço fiscal.

• TI-T-TI. No lançamento do livro da ministra do Planejamento, Simone Tebet, ontem no Senado, o anúncio sobre o IR foi o principal tema em rodas de conversa. Os presentes também consideraram a medida um erro e um constrangimento para Tebet.

• MAIS POLUIÇÃO. Mal terminou a COP-29 e o Congresso tentou emplacar benefícios para as usinas movidas a carvão. No entanto, o governo conseguiu adiar a votação para a semana que vem. Essa atuação incluiu parecer da Fazenda e também ligação do ministro Rui Costa ao relator, que é o senador Weverton Rocha (PDT-MA).

• IMPACTO. A equipe econômica argumentou que as medidas voltadas para termelétricas, incluídas no texto pela Câmara, aumentarão a conta de luz dos brasileiros. Apesar da proximidade de Weverton com o Palácio do Planalto, não há garantia de que o relator vai tirar os “jabutis”. Procurado pela Coluna, o senador não respondeu.

• NARRATIVA. O general Augusto Heleno, ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, queria usar a Empresa Brasil de Comunicação (EBC) para impulsionar o clima para um golpe, concluiu a Polícia Federal no relatório enviado para o Supremo Tribunal Federal (STF).

• OFENSIVA. A ideia de Augusto Heleno era fazer ataques mais frequentes às urnas eletrônicas por meio da empresa estatal de comunicação. O plano foi encontrado na casa do exministro em agenda que tinha marca da Caixa Econômica.

COLUNA DO ESTADÃO

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2024-11-28T08:00:00.0000000Z

2024-11-28T08:00:00.0000000Z

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