O Estado de S. Paulo

Nova IA será desafio

Uma presidência de Kamala é a única que está à altura dessa responsabilidade

Thomas Friedman __

Muitas razões me fizeram ficar profundamente desapontado com o fato de o dono do Washington Post, Jeff Bezos, ter optado por derrubar o editorial do jornal apoiando a candidatura de Kamala Harris à presidência. A principal é Bezos amar a ciência. E esta eleição coincide com um dos maiores pontos de inflexão na história da humanidade: o nascimento da inteligência artificial geral, ou IAG, que deve emergir nos próximos quatro anos e exigirá que nosso próximo presidente reúna uma coalizão global para governar com produtividade, segurança e compatibilidade os computadores que logo terão mentes próprias e superiores às nossas.

Donald Trump – que não se preocupou nem sequer em nomear um conselheiro para ciência nos primeiros 18 meses de seu mandato – é inadequado para reunir qualquer aliança global desse tipo. Seu governo apressou a criação de uma vacina para a covid-19 com uma mão e então propagou dúvidas sobre seu uso com a outra ao se deparar com uma reação antivacina entre os conservadores.

Hoje, a prioridade de Trump não é capitalizar sobre as tremendas oportunidades que decorrerão de os EUA liderarem o uso da IAG, nem construir uma aliança global para governá-la, é impor tarifas mais altas sobre os nossos aliados para bloquear suas exportações de carros, brinquedos e outros produtos para os EUA. A única tecnologia que parece interessar Trump profundamente é o Truth

Social, sua versão do X. De fato, desde que se descreveu como um “gênio muito estável”, Trump, provavelmente, duvida que seja possível haver uma inteligência maior que a dele, mesmo que artificial.

Kamala Harris, dada sua experiência em segurança pública, suas conexões no Vale do Silício e seu trabalho já realizado com IA nos últimos quatro anos, está à altura deste desafio – e esta é uma das principais razões que me fazem apoiar sua candidatura.

Dito isto, uma das coisas mais estranhas da eleição de 2024 é ela coincidir com – mas em grande medida ignorar – esse florescimento da inteligência artificial geral polimática, que vai mudar essencialmente tudo. Isso por que ela não é mais inteligente que os humanos em uma só área.

Ela dominará simultaneamente todo o conhecimento de física, química, biologia, ciência dos materiais, matemática, medicina, astronomia, Shakespeare, história da arte e uma série de outros campos melhor do que qualquer humano jamais conseguiria e será capaz de perceber padrões transversais em todos esses campos de maneiras que nenhum humano jamais conseguiria – portanto poderá tanto fazer perguntas quanto dar respostas que nenhum humano jamais conseguiria.

Mas as implicações para a educação, o emprego, a inovação, a assistência médica, a abundância econômica e o empoderamento de indivíduos que a IA trará não figura nos debates, nem em nenhum evento político. É como se o automóvel tivesse acabado de ser inventado e os repórteres e candidatos preferissem continuar discutindo o futuro dos cavalos.

ORIGEM. Estou escrevendo um livro que aborda em parte esse assunto e me beneficiei de meus tutoriais com Craig Mundie, ex-diretor de pesquisa e estratégia da Microsoft que ainda aconselha a empresa. Em breve, ele publicará um livro relacionado a problemas e oportunidades a médio prazo da IAG, escrito juntamente com o exCEO do Google Eric Schmidt e Henry Kissinger, que morreu no ano passado e trabalhou na obra até o fim da vida.

O livro é intitulado Genesis: Artificial Intelligence, Hope, and the Human Spirit (Gênesis: Inteligência artificial, esperança e o espírito humano). O livro invoca a descrição bíblica sobre a origem da humanidade, porque os

Eleição coincide com florescimento da inteligência artificial geral polimática, que mudará tudo

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2024-11-03T07:00:00.0000000Z

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