Famosos investem em nova atividade e viram corretores de imóveis
Com formação por meio de curso técnico, profissionais de outras áreas têm migrado para o setor imobiliário
MARIA MAGNABOSCO LUIS FELIPE SANTOS
A apresentadora Mara Maravilha e o ator Marcello Antony estão entre os que passaram a atuar no ramo.
Eles já brilharam em diferentes áreas do entretenimento, como novelas, programas de auditório e esportes. Nos últimos anos, no entanto, decidiram direcionar os holofotes e a notoriedade para um novo propósito: a venda de imóveis. Atraídos pela lucratividade do setor e pela facilidade de capacitação, personalidades como a apresentadora Mara Maravilha, os atores Marcello Antony e Victor Pecoraro, além do goleiro bicampeão mundial de futsal pela seleção brasileira, Tiago de Melo Marinho, encontraram no mercado imobiliário uma nova oportunidade de sucesso.
Em comum, os famosos dizem que a carreira anterior ajudou na hora de atrair negócios. Mara, por exemplo, se apaixonou tanto pelo ramo que lançou um reality show voltado ao mercado imobiliário, o Batalha dos Corretores, transmitido pelo canal paulistano Rede Gospel. O programa é apresentado por ela mesma e já teve uma temporada, e outras quatro devem ser realizadas em 2025.
O mercado imobiliário tem registrado um forte crescimento de novos trabalhadores. Segundo o Conselho Federal de Corretores de Imóveis (Cofeci), o setor atraiu cerca de 117 mil novos trabalhadores neste ano, um aumento de 23% em comparação a 2023. Assim como os atores, o atleta e a apresentadora, muitos profissionais vindos de outras ocupações decidem ingressar no ramo.
No Brasil, para exercer a profissão, é necessário obter uma licença por meio de um curso de Técnico em Transações Imobiliárias (TTI) ou de uma graduação em Gestão Imobiliária. Após essa capacitação, é preciso solicitar o registro no órgão responsável pela região de atuação. No caso do ex-goleiro Tiago Marinho, por exemplo, ele atua no litoral de Santa Catarina, abrangendo Balneário Camboriú e Itapema, cidades com os metros quadrados mais caros do Brasil – R$ 13,7 mil e R$ 13,6 mil, respectivamente, segundo o Índice Fipezap de novembro de 2024.
Mercado aquecido
Setor atraiu cerca de 117 mil novos corretores neste ano, alta de 23% em comparação a 2023
O jogador diz que, ao se aposentar, viu a carência de pessoas qualificadas no mercado imobiliário e percebeu uma oportunidade para aproveitar a rede de contatos construída durante sua carreira esportiva. “Decidi aproveitar essa visibilidade em outro ramo, e o mercado imobiliário foi o que me chamou atenção”, diz Marinho.
O goleiro diz que pretende utilizar sua rede de contatos para, futuramente, ingressar no mercado de luxo, muito disputado entre os corretores pela alta lucratividade. Ele acredita que seu sucesso no esporte será uma motivação extra para se destacar como corretor. “Quero aplicar no mercado imobiliário os valores que desenvolvi como goleiro de alto rendimento na seleção brasileira e campeão mundial. Com o tempo e a experiência, espero me tornar um sinônimo de credibilidade e segurança, além de uma referência no setor”. Hoje, ele está realizando o curso de Técnico em Transações Imobiliárias e passa por estágio supervisionado.
EMPREENDEDORISMO. Mara Maravilha também conta que seu lado empreendedor aflorou no mercado imobiliário. “Comecei a negociar algumas coisas minhas, depois de amigos e conhecidos, quando vi já estava negociando mais amplamente. Fiz a prova do Creci, passei e criei o reality”, conta.
Situação parecida é relatada por Victor Pecoraro, que atuou em novelas como Chocolate com Pimenta, Aquele Beijo, Os Dez Mandamentos e As Aventuras de Poliana. “A minha motivação foi o cresci
mento do mercado imobiliário em Florianópolis. Um amigo abriu uma imobiliária e me convidou para ser parceiro”, relata. Pecoraro ainda não concluiu a formação, por isso, atua apenas como intermediário, fazendo indicações.
Já Marcello Antony, que esteve em grandes produções como O Rei do Gado, Mulheres Apaixonadas, Terra Nostra e Amor à Vida, difere em um ponto: por trabalhar como corretor de imóveis em Portugal, não precisou realizar nenhuma formação. “O que eu tenho é a minha própria experiência como ator, o uso da minha imagem no mercado, que atrai vários clientes, e o dia a dia”, afirma.
DIFERENCIAL. Para o presidente do Creci de São Paulo (Crecisp), José Augusto Viana Neto, ser comunicativo e ter um bom relacionamento com as pessoas é um diferencial para ser um bom corretor de imóveis. “Geralmente as pessoas que se dão bem na profissão são aquelas que querem ganhar dinheiro e tem interesse em ajudar outras pessoas”, afirma.
Segundo ele, figuras públicas são exemplos de profissionais que deixaram suas carreiras anteriores e se identificaram com o perfil necessário para atuar no mercado imobiliário. “O corretor tem muito disso, de querer o conforto da outra pessoa, de descobrir o que a outra pessoa quer e trabalhar para atingir esse objetivo enquanto é remunerado por isso”, diz.
Para Viana Neto, pessoas que entram na profissão apenas pelo retorno financeiro acabam se frustrando porque não conseguem atender ao que o comprador ou locador do imóvel deseja. “Temos um número recorde de novas inscrições para corretores. Está entrando gente que não acaba mais. Aí depois chega aqui na profissão e não é assim. Você ganha dinheiro, mas não é fácil. É um trabalho altamente complexo, cheio de pequenos detalhes que as pessoas só se dão conta quando estão com a mão na massa”, diz.
“Você ganha dinheiro, mas não é fácil. É um trabalho altamente complexo, cheio de pequenos detalhes que as pessoas só se dão conta quando estão com a mão na massa”
José Augusto Viana Neto
Presidente do Creci São Paulo
Entre os famosos, um ponto em comum é a satisfação com a decisão. O goleiro Tiago Marinho está contente com a sua decisão, e incentiva outros profissionais a entrarem no ramo imobiliário: “Se você sabe gerir pessoas, tem uma boa comunicação, vislumbra oportunidades e tem a disciplina necessária para se diferenciar no mercado, por que não?”, diz. •
PRIMEIRA PÁGINA
pt-br
2024-12-23T08:00:00.0000000Z
2024-12-23T08:00:00.0000000Z
https://digital.estadao.com.br/article/281513641764250
O Estado