Brasil fica em último lugar em competitividade industrial
Ante outros 17 países, educação foi um dos itens que mais pesaram
AMANDA PUPO
OBrasil ficou em último lugar no mais recente ranking de competitividade industrial elaborado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). A entidade comparou o País com 17 nações com as quais compete no mercado internacional.
Foram considerados oito fatores que afetam o desempenho das empresas. Os três aspectos que mais pesaram negativamente foram ambiente econômico, desenvolvimento humano e trabalho e educação. Em todos eles, o Brasil ocupou o último lugar. A melhor posição foi um 12.º lugar em desempenho de baixo carbono e recursos naturais. As comparações foram feitas com Coreia do Sul, Países Baixos, Canadá, Reino Unido, China, Alemanha, Itália, Espanha, Rússia, EUA, Turquia, Chile, Índia, Argentina, Peru, Colômbia e México. A CNI publica o ranking desde 2010.
“A baixa qualidade da educação impacta no mercado de trabalho e no desenvolvimento econômico sustentável”
Ricardo Alban, presidente da CNI
Impactado negativamente por fatores como ambiente econômico e educação, o Brasil ficou em último lugar no mais recente ranking de competitividade industrial elaborado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). No estudo, antecipado ao Estadão/Broadcast, a entidade comparou o Brasil com outros 17 países que competem com o País no mercado internacional, considerando oito fatores que afetam o desempenho das empresas mundo afora.
Os três aspectos que mais pesaram negativamente no resultado foram ambiente econômico; desenvolvimento humano e trabalho; e educação. Em todos eles, o Brasil ocupou o último lugar no ranking. No primeiro, o custo alto de financiamento no País figura como um dos empecilhos históricos para a indústria. No momento, o alto patamar da taxa básica de juros, a Selic, em 14,25% ao ano, reforça esse efeito.
Nesse cenário, o segmento comemora o fato de o governo atual ter lançado uma política industrial, a Nova Indústria Brasil (NIB), que inclui uma vertente de crédito liderada pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Para ver os efeitos do programa no ranking, no entanto, será necessário mais tempo. Por ora, o superintendente de Política Industrial da CNI, Fabrício Silveira, classifica a NIB como um “avanço considerável”, inclusive por ter sido incrementada desde o lançamento há um ano. A previsão de financiamentos pelo plano partiu de R$ 300 bilhões para R$ 507 bilhões até 2026.
O ambiente tributário foi outro aspecto que ajudou a jogar o Brasil para a última posição no ranking de ambiente econômico. Nesse caso, a CNI entende que o País viverá um avanço significativo com a reforma tributária. Mas alerta que é preciso cuidado com as regulamentações, especialmente para que exceções tributárias não façam a alíquota média do novo imposto sobre o consumo ser muito alta.
ABAIXO DA METADE. O estudo da CNI mostra que, em nenhum dos macroindicadores que compõem o ranking, o País figurou na primeira metade da classificação. No aspecto em que o País se sai melhor é no desempenho de baixo carbono e recursos naturais, ocupando a 12.ª posição. O destaque positivo ficou no subfator de descarbonização, com o 2.º lugar no ranking. Segundo a CNI, ainda seria necessário o País avançar em termos de economia circular, subfator no qual o Brasil teve desempenho ruim.
A CNI publica o ranking desde 2010. Nesta edição, a entidade trouxe alterações metodológicas, com a redefinição de países que competem com o Brasil. Agora, o estudo destaca as economias que possuem uma cesta de produção mais próxima à do País e que estão presentes nos mesmos mercados, tanto no nível de importação quanto de exportação.
As comparações foram feitas com Coreia do Sul, Países Baixos, Canadá, Reino Unido, China, Alemanha, Itália, Espanha, Rússia, Estados Unidos, Turquia, Chile, Índia, Argentina, Peru, Colômbia e México. Entender o nível de competitividade desses países frente ao Brasil e quais problemas internos atacar será importante também no novo cenário global, em que as cadeias são redesenhadas pela política tarifária de Donald Trump nos EUA.
Silveira, da CNI, diz que, embora o desempenho do Brasil no ranking tenha sido ruim, os resultados também revelam a “resiliência” da indústria. “No meio de um ambiente de negócio e um ambiente econômico que são adversos, que oneram, mesmo assim a gente ainda consegue acessar esses mercados de forma competitiva com algumas das nossas firmas”, diz o superintendente.
No fator de desenvolvimento humano e trabalho, em que o País também figurou na última posição, quem lidera entre os países é a Coreia do Sul. Relações de trabalho, que aponta o Brasil em 16.º; saúde e segurança, em que o País figura em 15.º; e diversidade, equidade e inclusão, no qual ocupa o penúltimo lugar, são os subfatores considerados na classificação. No primeiro, por exemplo, foram analisados os temas sobre razão de dependência e impacto das regulamentações trabalhistas na atividade empresarial.
Questões tributárias empurraram o País para a última posição no ranking de ambiente econômico
Já no sub-ranking educação, que também levou o Brasil para o último lugar do levantamento, problemas da formação educacional, como baixa adesão ao ensino técnico e volume baixo de formação de profissionais ligados à ciência e tecnologia, foram quesitos que afetaram negativamente o País. Nesse fator, quem ocupa o primeiro lugar é a Alemanha.
“A baixa qualidade da educação impacta diretamente no mercado de trabalho e no desenvolvimento sustentável econômico”, disse o presidente da CNI, Ricardo Alban. •
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2025-04-17T07:00:00.0000000Z
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