O Estado de S. Paulo

Profissões com (e sem) futuro até 2030

Tecnologia e economia verde, as apostas

JAYANNE RODRIGUES

Fatores como mudança tecnológica, incertezas econômicas e a transição para uma economia verde devem impactar profundamente o mercado de trabalho até 2030. Diante do cenário de transformação significativa, estima-se tanto a extinção quanto a criação de postos de trabalho: 92 milhões de funções serão substituídas, enquanto 170 milhões de novos postos serão criados.

Entre as profissões ameaçadas, estão a de carteiros e caixas de bancos. Os cargos em alta incluem especialistas em big data (análise de dados complexos) e engenheiros de fintechs (tecnologia de serviços financeiros). Sobre as habilidades mais relevantes, estão pensamento analítico, resiliência, flexibilidade e agilidade. Veja mais sobre profissões e habilidades nos quadros ao lado.

No Brasil, 58% das empresas esperam recrutar novos talentos e 48% planejam realocar funcionários de funções em declínio para aquelas que estão em crescimento.

Os dados são do relatório Futuro do Trabalho 2025 ,elaborado pelo Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em inglês) em parceria com a Fundação Dom Cabral (FDC). A pesquisa, conduzida entre maio e setembro de 2024, ouviu mais de mil empregadores de 55 países por meio da plataforma Qualtrics, com 38 perguntas, e foi complementada por dados de plataformas especializadas pelo WEF e a FDC.

Os avanços tecnológicos, a fragmentação geoeconômica, a incerteza econômica, as mudanças demográficas e a transição para uma economia verde são as cinco razões que explicam a criação e a substituição de postos de trabalho, segundo a pesquisa. O impacto na produtividade e a crescente demanda por qualificação da força de trabalho também contribuem para essas transformações.

De acordo com o estudo, as tendências analisadas devem impactar 22% dos empregos formais atuais. Segundo projeções, 92 milhões de empregos atuais serão substituídos até 2030 e 170 milhões serão criados, o que resulta em saldo final de 78 milhões de empregos.

A partir deste ano, o panorama econômico global apresenta um otimismo cauteloso. O relatório cita que, embora a inflação tenha desacelerado e políticas monetárias mais flexíveis estejam sendo adotadas, “o crescimento lento, a volatilidade política e a pressão persistente sobre os preços deixam muitos países vulneráveis a choques econômicos.”

TENDÊNCIAS. Uma das principais tendências, segundo o estudo, é a ampliação do acesso digital, mencionada por 60% dos respondentes.

A pesquisa também destaca o avanço da inteligência artificial e da automação como ferramentas importantes para o aumento da produtividade e da eficiência. No entanto, há um risco de substituição de trabalho humano caso não haja regulamentações adequadas.

“Sem estruturas adequadas de tomada de decisão, incentivos econômicos estratégicos e regulamentações governamentais, essas tecnologias podem ser utilizadas para substituir o trabalho humano, em vez de aprimorar suas capacidades”, destaca o relatório.

Com isso, qualificar a mão de obra que já está no mercado para o uso de tecnologia entra na lista de prioridades das empresas. No Brasil, 53% dos empregadores indicam que IA e big data serão as áreas prioritárias de requalificação nos próximos cinco anos.

Na visão de Marcello Amaro, diretor de Recursos Humanos da P3, plataforma de gestão de pagamentos, as empresas devem priorizar investimentos na requalificação da força de trabalho no intuito de garantir que os profissionais estejam preparados para assumir novos cargos à medida que as tecnologias demandem a atualização das funções.

“Eu vejo a IA e a automação como ferramentas para impulsionar a criatividade e a eficiência no trabalho, mas isso depende de como escolhemos utilizá-las. Elas são excelentes para assumir tarefas repetitivas ou de baixo valor, o que permite que as pessoas foquem no que importa”, analisa Amaro.

Fatores

Tecnologia, incerteza econômica e a transição para economia verde explicam mudanças

As novas tendências também devem acelerar o crescimento de algumas profissões. Especialistas em big data e em aprendizado de máquina estão entre os profissionais com maior demanda, prevê o relatório.

ATIVIDADES OBSOLETAS. Por outro lado, a previsão é de que funções administrativas, secretariais e operacionais podem ser substituídas pelas tecnologias digitais em cinco anos.

Assim como o relatório de 2023, o treinamento e a requalificação seguem no centro das estratégias das empresas para acompanhar as mudanças mais recentes. Isso porque cerca de 39% das habilidades existentes deverão ser transformadas ou vão se tornar obsoletas nos próximos anos. Hoje, as competências sugeridas como essenciais podem ajudar em problemas complexos, em setores afetados por mudanças rápidas, como varejo e manufatura, segundo o estudo.

No Brasil, assim como em outros países da América Latina e Caribe, a principal barreira para a transformação dos negócios é a lacuna de habilidades, principalmente em áreas como matemática, português e inglês, revela o estudo. •

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2025-01-18T08:00:00.0000000Z

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