O Estado de S. Paulo

Nunes e Boulos superam golpes de Marçal e farão segundo turno entre forças tradicionais

Embate entre prefeito e candidato do PSOL é derrota da retórica antipolítica

Ocandidato do PRTB à Prefeitura de SP, Pablo Marçal, apareceu para votar de calção e descalço, a poucos minutos do fechamento das urnas, e contratou um trio elétrico para festejar a vitória na Avenida Paulista. Numa das mais disputadas eleições já vistas na cidade, porém, a maioria dos eleitores decidiu que o segundo turno, no próximo dia 27, terá Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL). Marçal terminou a disputa em terceiro lugar. A derrota do ex-coach se confirmou 48 horas depois de um dos mais controversos atos de sua campanha, a divulgação de um laudo psiquiátrico falso contra Boulos, episódio que pode torná-lo inelegível e até levá-lo à prisão. O embate entre Boulos e Nunes reproduzirá a disputa entre Jair Bolsonaro (PL), apoiador do atual prefeito, e Luiz Inácio Lula da Silva (PT), apoiador do deputado, cenário que estava colocado antes da entrada de Marçal no pleito. A participação dos padrinhos políticos, tímida no primeiro turno, deve aumentar agora. Logo após a confirmação do resultado das urnas, Tabata Amaral (PSB) declarou que votará em Boulos no segundo turno.

Numa eleição que até então vinha sendo capturada pela tática vale-tudo do candidato do PRTB, Pablo Marçal, o segundo turno em São Paulo será decidido entre o atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB), e o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL). Com 100% das urnas apuradas na capital paulista, o emedebista somou ontem 29,48% dos votos válidos (1.801.139 votos) ante 29,07% de Boulos (1.776.127 votos). Os finalistas superaram o fenômeno Marçal por uma margem estreitíssima – o candidato do PRTB somou 28,14% dos votos válidos (1.719.274 votos). O resultado na maior cidade do País representa um predomínio da política tradicional frente ao discurso da antipolítica.

O embate entre Boulos e Nunes tem como pano de fundo a polarização que marcou a última disputa presidencial, com o atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ao lado do nome do PSOL, e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) alinhado ao prefeito. Nunes, porém, se associou mais ao governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) durante o primeiro turno.

Marçal deixou escapar um lugar no segundo turno por pouco mais de 56 mil votos. Cerca de 48 horas antes de encerrar a votação, ele publicou um laudo psiquiátrico falso, que forjava um surto psicótico grave por uso de cocaína, na tentativa de prejudicar Boulos. A farsa tirou do ar as redes sociais do influenciador, sob determinação do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-SP), e levou as polícias Civil e Federal a abrir investigações.

O resultado é que Marçal, que havia iniciado a campanha na faixa dos 10% de intenções de voto, agora está ameaçado de ficar inelegível.

Além de São Paulo, haverá segundo turno em outras 15 capitais. Nas 11 cidades definidas, os candidatos a prefeito foram predominantes – venceram em 10. Entre os “campeões” nas urnas, com quase 80% dos votos válidos, estão os prefeitos do Recife (PE) e de Salvador (BA), João Campos (PSB) e Bruno Reis (União Brasil), respectivamente.

O PSD, partido do ex-ministro e secretário de Governo de São Paulo, Gilberto Kassab, foi o mais vitorioso nas eleições municipais. A sigla elegeu 860 prefeitos no primeiro turno. •

“Com relação ao eleitor do Pablo Marçal, nós precisamos desse eleitor para dar continuidade ao nosso trabalho” Ricardo Nunes

Prefeito e candidato do MDB

“Agora vai estar em jogo uma escolha. Do lado de lá está o candidato apoiado pelo (Jair) Bolsonaro” Guilherme Boulos

Candidato do PSOL

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2024-10-07T07:00:00.0000000Z

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