Explosão em hospital mata centenas em Gaza; árabes cancelam reunião com Biden
Acusado pelo Hamas de atacar doentes, Israel atribui massacre a míssil de outro grupo radical islâmico; americano chega hoje à região
Centenas de palestinos morreram ontem após um míssil atingir um hospital de Gaza onde milhares de civis se abrigavam. Autoridades palestinas culparam Israel, que atribuiu a explosão a um foguete com defeito lançado pela Jihad Islâmica – grupo aliado do Hamas. Mesmo que a culpa pela explosão não tenha ficado clara, a destruição do Hospital Al-Ahli teve rápido efeito diplomático. Em meio a uma onda de protestos no Oriente Médio, líderes árabes cancelaram reunião marcada para hoje com o presidente dos EUA, Joe Biden, em Amã. Estariam no encontro o líder da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, o rei Abdullah, da Jordânia, e o presidente do Egito, Abdel Fattah el-Sisi. A destruição do hospital é o episódio mais sangrento desde o dia 7, quando o Hamas invadiu o território israelense, matou 1,3 mil, a maioria civis, e fez 199 reféns.
Centenas de palestinos morreram ontem após um míssil atingir um hospital de Gaza onde milhares de civis se abrigavam. Autoridades palestinas culparam Israel, que rejeitou a acusação e atribuiu a explosão a um foguete com defeito lançado pela Jihad Islâmica – grupo aliado do Hamas. Autoridades palestinas registraram mais de 500 mortes no local.
Enquanto os dois lados tentavam vencer a guerra de narrativas, a notícia da destruição do Hospital Al-Ahli – fundado na década de 1880 por missionários anglicanos – teve efeitos diplomáticos. O líder da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, declarou luto de três dias e cancelou a reunião marcada para hoje com o presidente dos EUA, Joe Biden, em Amã.
Em seguida, a Jordânia cancelou o encontro, que teria a presença do presidente do Egito, Abdel Fattah el-Sisi, e do rei Abdullah, da Jordânia. Os governos egípcio e jordaniano emitiram um comunicado condenando “nos termos mais fortes possíveis” o ataque “bárbaro” ao hospital em Gaza. Irã e Turquia usaram tons parecidos para demonstrar indignação.
A explosão que deixou mais de 500 mortos complicou os planos de Biden. O americano deve se reunir hoje com o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, para transmitir seu apoio. Mas o presidente americano parece ter poucos argumentos para convencer os aliados árabes. Na Arábia Saudita, um conselheiro da família real afirmou que as negociações para normalização das relações com Israel estavam mortas.
CRISE. Protestos eclodiram ontem em diversas cidades do Oriente Médio e do Norte da África. Os mais intensos foram registrados no Líbano, Tunísia, Turquia, Irã e na Cisjordânia. Em sua maioria, os atos se concentraram diante de embaixadas de Israel, EUA e França.
Em Amã, na Jordânia, manifestantes tentaram incendiar a embaixada de Israel. Imagens que circularam nas redes sociais mostraram uma multidão diante do prédio, cercado por forças de segurança. Segundo o governo jordaniano, o ato foi contido e não houve invasão.
A repercussão, no entanto, não ficou restrita ao Oriente Médio. O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, disse que o ocorrido no hospital não era “aceitável”. “Existem regras nas guerras e não é aceitável atingir um hospital.” Biden também se disse horrorizado com as mortes no hospital. ESCOLA. Uma escola da ONU foi bombardeada ontem, deixando pelo menos seis mortos e dezenas de feridos. O local atacado é um complexo de oito escolas em Al-Maghazi, região central de Gaza. Segundo a ONU, cerca de 4 mil pessoas se abrigavam nas instalações.
Palestinos que se deslocaram para o sul de Gaza após ordem do Exército de Israel cogitam voltar para suas casas no norte, em razão dos bombardeios israelenses ao sul. Israel admite os ataques, que alega terem como alvo líderes do Hamas. •
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2023-10-18T07:00:00.0000000Z
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