O Estado de S. Paulo

Disputa de bancos por dinheiro no exterior de brasileiro se acirra

Internacionalização avança com busca de clientes de alta renda

ALINE BRONZATI MATHEUS PIOVESANA

De olho no aumento do volume de recursos dos brasileiros no exterior, os grandes bancos nacionais, como Itaú Unibanco e Bradesco, avançam em um processo de internacionalização. No ano passado, de acordo com o Banco Central, o saldo de investimentos de brasileiros em ativos no exterior voltou a ficar positivo, em US$ 4,37 bilhões, depois de o fluxo ter sido negativo em 2022. O aumento das remessas internacionais por brasileiros foi motivado pelo patamar dos juros no exterior, mais alto do que o padrão histórico recente, principalmente nos EUA, e, segundo executivos de bancos ouvidos pelo Estadão Broadcast, pela mudança de governo no Brasil. Para capturar uma clientela de alta renda, os bancos brasileiros estão reforçando suas estruturas no exterior, com a ampliação de equipes, a oferta de contas internacionais e novos produtos.

Grandes bancos nacionais, como Itaú Unibanco e Bradesco, avançam num movimento de internacionalização para atender clientes brasileiros fora do País, ao mesmo tempo que instituições de fora, como o americano JPMorgan e o francês BNP Paribas, diminuem a atuação no Brasil por considerá-la pouco vantajosa.

O recuo estrangeiro no mercado brasileiro coincide com uma migração maior de recursos de brasileiros para o exterior. Os investidores têm sido atraídos pelos juros mais altos para os padrões históricos desses países, especialmente nos Estados Unidos.

Condições políticas também ajudaram a turbinar os volumes remetidos, com alguns investidores cumprindo a promessa de “deixar o País” caso o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vencesse as eleições, conforme afirmaram executivos de bancos ouvidos pelo Estadão/Broadcast sob a condição de anonimato.

No ano passado, o saldo de investimentos de brasileiros em ativos no exterior voltou a ficar positivo, em US$ 4,37 bilhões, de acordo com dados do Banco Central (BC). Em 2022, o saldo havia sido negativo em US$ 142 milhões, após o recorde de quase US$ 15,4 bilhões em 2021, quando uma avalanche de liquidez tomou conta dos mercados em razão da covid-19.

OPORTUNIDADE. Para capturar o potencial crescente de fluxo ao exterior, os bancos brasileiros reforçam suas estruturas, com a ampliação das equipes, a oferta de contas internacionais e de novos produtos.

O Bradesco prevê contratar entre 10 e 20 pessoas para o time de captação de recursos para clientes mais endinheirados no País e no exterior. Já o Itaú Unibanco ampliou seu time global para esse tipo de atendimento em quase 40 profissionais no ano passado – hoje o banco lidera nesse segmento e com o reforço quer manter a posição ante a ofensiva da concorrência.

Por trás dessa movimentação dos grandes bancos brasileiros há um conjunto de metas agressivas. O Bradesco quer que a sua participação de mercado para os clientes de alta renda, atendidos no private banking, cresça dos atuais 22% para 30% até 2026, e que a área avance no exterior. Já o Itaú informou que planeja quebrar a marca de R$ 1 trilhão em ativos nessa área de negócios.

A saída dos estrangeiros do segmento conhecido no mercado como “high” – clientes que têm entre R$ 10 milhões e R$ 15 milhões investidos – é outro motivo desse avanço.

“Há uma oportunidade no segmento”, disse o diretor global de Private do Bradesco, Augusto Miranda, ao Estadão/Broadcast.

Em alta No ano passado, o saldo de investimentos de brasileiros no exterior voltou a ficar positivo, em US$ 4,37 bi

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2024-02-16T08:00:00.0000000Z

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