O Estado de S. Paulo

Cinco lições de pai para filho

Le Vin Filosofia Suzana Barelli instagram: @suzanabarelli SUZANA BARELLI É JORNALISTA ESPECIALIZADA EM VINHOS

Ovinho é uma bebida de muitas gerações. Assim, não são poucos os exemplos de como a arte de fazer um tinto vem passando de pai para filho há décadas. Às vezes, um filho rompe com o saber fazer de um pai e o resultado muda a vida da vinícola – um exemplo é o italiano Angelo Gaja, que decidiu plantar cabernet sauvignon no Piemonte, dando origem ao Darmagi, um dos grandes rótulos da vinícola. Darmagi, no dialeto local, quer dizer “Que pena!”, expressão que seu pai disse quando viu o vinhedo replantado com variedades de Bordeaux.

Neste Dia dos Pais, cinco produtores contam o que aprenderam com os seus pais e o que gostaram de ter ensinado a seus filhos. As respostas não são apenas lições de enologia, mas também histórias de vida. Ler esses depoimentos é quase um convite para abrir um vinho com o seu pai.

Jácopo Biondi Santi, da sexta geração dos Biondi Santi, conta que a paciência foi a maior e mais difícil lição que seu pai lhe deu. “Ele me ensinou a sempre buscar a qualidade”, afirma. Para seu filho Tancredi, ele diz que sempre procurou ensinar o rigor estilístico e a garantia absoluta de qualidade dos vinhos. Tancredi aprendeu com o pai a importância da história familiar. “Acredito que a história tem de ser respeitada, mas também evoluída”, afirma.

O produtor português Dirk

‘Acredito que a história tem de ser respeitada, mas também evoluída’, diz Tancredi

Niepoort diz que seu pai lhe ensinou a ter paciência, a dar tempo ao tempo. Com dois filhos trabalhando nos vinhedos, Dirk passa a lição de que “menos é mais”, válido para os vinhos – e para a vida. Também no vinho do Porto, Dominic Symington, da quarta geração, conta que aprendeu com o pai a ter a qualidade como meta, com humildade. “Nunca diga que é o melhor, só tente fazer o seu melhor”, diz ele. Foi este conselho que ele passou para Anthony, da quinta geração.

Ensinamentos de pai para filho marcam a família de Carlo Guerriere Gonzaga, atual dono da Tenuta San Leonardo, que elabora vinhos desde 1770. “Meu pai me ensinou a colocar toda a minha energia em algo único. Foi o que eu fiz, criando o San Leonardo”, conta ele sobre esse rótulo, ícone no Alto

Adige italiano. Com a cabernet sauvignon como base, esse tinto é um dos marcos da vinícola, elaborado desde o final dos anos 1970. Anselmo, seu filho, conta que aprendeu com Carlo o que significa manter um sonho vivo ao respeitar o estilo clássico desse vinho. Da Argentina, José Alberto Zuccardi diz que o principal legado que seu pai lhe deixou foi o seu amor pela vinha – assim como ele se orgulha de ter deixado para seus filhos a mesma paixão. Enfim, conselhos e aprendizagem de pais para filhos. •

CULTURA & COMPORTAMENTO

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2022-08-13T07:00:00.0000000Z

2022-08-13T07:00:00.0000000Z

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