O Estado de S. Paulo

Nº de amputações cresce no País e mais da metade envolve casos de diabete

Média de cirurgias teve alta significativa na pandemia, segundo a Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular

ROBERTA JANSEN

Problema econômico Em 2021, foram gastos R$ 62.271.535,96 em procedimentos em todo o País

O número de amputações de membros inferiores aumentou significativamente no Brasil durante a pandemia de covid-19. Em média, 66 pacientes passam por esse tipo de cirurgia diariamente. Em 2020, quando a crise sanitária se instalou no País, a média diária saltou para 75,64. No ano seguinte, chegou a 79,19, de acordo com levantamento da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV). Para especialistas, o problema estaria relacionado à descontinuidade no acompanhamento de pacientes com doenças crônicas durante o período.

Mais da metade dos casos de amputação envolve pessoas com diabete, embora o problema também possa estar relacionado a muitos outros fatores de risco, como tabagismo, hipertensão arterial, idade avançada, insuficiência renal crônica, estados de hipercoagulabilidade e histórico familiar.

Entre 2012 e 2021, período do levantamento, 245 mil brasileiros sofreram com amputações de pernas, pés ou dedos. O trabalho, feito com base em dados do Ministério da Saúde, mostra que, neste período, de maneira geral, o aumento do número de procedimentos foi de 53% – o que se agravou nos últimos dois anos. O ano passado registrou a maior soma de procedimentos, 28.906 casos, uma média diária de 79,19. A probabilidade de esse número ser superado em 2022 é alta, já que a média diária de procedimentos nos três primeiros meses deste ano é de 82.

INEVITÁVEL.

A maioria dos procedimentos médicos teve queda acentuada durante a pandemia. No caso das amputações, no entanto, foi registrado aumento. Para especialistas, isso ocorreu por dificuldade de acompanhamento das complicações na saúde dos pacientes que, durante a emergência sanitária, abandonaram tratamentos e evitaram a ida aos hospitais e consultórios com medo da contaminação pelo vírus. Com isso, muitos acabaram indo ao hospital apenas nas situações mais graves, em que não era possível evitar a amputação.

CUSTO.

Para o cirurgião vascular Mateus Borges, diretor da SBACV, “esses dados demonstram o impacto da pandemia no cuidado e na qualidade de vida”. Segundo ele, pessoas com diabete que desenvolvem úlceras e evoluem para quadros infecciosos demandam longos períodos de internação ou reinternações.

E o crescimento no número de amputações traz fortes impactos aos cofres públicos. Apenas em 2021, foram despendidos R$ 62.271.535,96 em procedimentos em todo o País. •

METRÓPOLE

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2022-08-13T07:00:00.0000000Z

2022-08-13T07:00:00.0000000Z

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